Dicas diárias de aprovados.

VOCÊ PODE, SIM, DESCANSAR ENQUANTO O CONCORRENTE ESTUDA!

Olá amigos bom dia!

Hoje vou compartilhar um texto muito legal do colega de MPF, Anderson Paiva (no Instagram @andersonrpaiva), procurador da República aprovado no 29 CPR. 

O texto é bem bacana e trata do descanso como elemento indispensável para essa maratona que é estudar para concursos. 

Espero que gostem. Bom domingo a todos.

Eduardo,
No instagram @eduardorgoncalves


VOCÊ PODE, SIM, DESCANSAR ENQUANTO O CONCORRENTE ESTUDA!

Há alguns dias, vi o texto de um provérbio japonês que dizia: “treine enquanto eles dormem, estude enquanto eles se divertem, persista enquanto eles descansam, e então, viva o que eles sonham.” Confesso que me sinto desconfortável em ousar discordar de um provérbio japonês. Afinal, crescemos com a ideia de que, em matéria de provérbios, chineses e japoneses são imbatíveis. Há também, claro, o fato de a autoria ser incerta. Tem-se apenas um “provérbio japonês, o que confere um ar etéreo a tudo, a impor respeito e a diminuir espaços de controvérsia, favorecendo a ideia de que o que está escrito é o que deve ser seguido.
Antes de uma palavra seguinte, quero considerar que ora me comunico com pessoas adultas, que sabem o que buscam e estão mais do que cientes de quão necessário é estudar para que a aprovação chegue. Nessa perspectiva, fixada esteja a premissa de que me dirijo a todos que fazem o melhor que podem. “Mas esse melhor não pode ser melhorado?”, dirá alguém. Claro que pode. E deve. Mas, como existe limite para tudo, também há limite para isso.

Assim, conquanto eu jamais tenha feito parte de qualquer estudo destinado a contrariar os dizeres desse provérbio, não obstante a repetição sempre presente de sua ideia e dos consectários desta, insisto em ressaltar que seus termos são, no mínimo, altamente questionáveis. E por uma singela razão que quero crer seja a base de tudo: você ganha mais quando entende que o maior concorrente é você mesmo.

A cada ano, praticamente a totalidade dos concursos mais duros do país – entre os quais estão os para ingresso na carreira do Ministério Público e da Magistratura – não tem preenchidas todas as vagas que oferece, porque a única coisa que se exige dos candidatos – embora, na prática, isso se revele muito – é que se faça um percentual mínimo nas provas, independentemente de que pontuação obtiveram os demais candidatos. Sei que há, também os concursos para promotor de justiça ou juiz em que, de regra na 1afase, requer-se um percentual fixo de pontos e a classificação dentro de um grupo de candidatos algumas vezes maior que o número de vagas (3, 4, 5… vezes o número de vagas). Desconheço se ainda é assim, mas já prestei um certame para o Ministério Público do Distrito Federal e Territórios que seguia essa diretriz. Sucede, porém, que a realidade demonstra que quem faz o percentual fixo que se exige, em 99% dos casos, acaba figurando entre os mais bem classificados no limite de tantas vezes o número de vagas que se exige. E, desse modo, a ideia de ter apenas que fazer-se um valor percentual mínimo ainda segue prevalecendo. O resto é consequência!

No concurso para procurador da república, por exemplo, todo o mundo sabe que quem, na prova objetiva, tem 50% de acertos “líquidos” (a cada 4 questões erradas perde-se 1 certa) em cada um dos quatro grupos de provas, que é o mínimo para ser classificado, vai para a 2ª etapa. E não interessa quantos pontos fez o sujeito da cadeira ao lado. O indivíduo, ao corrigir seu gabarito e perceber que não foi sumariamente eliminado, já pode comemorar – ele está na segunda etapa.

Cito, como reforço ao que afirmo, o caso do 29º concurso para procurador da república, aquele em que fui aprovado: o edital PGR/MPF nº 14/2016 declarou a abertura de 82 vagas a serem providas. Cerca de 14.500 candidatos se inscreveram, dos quais apenas 96 foram aprovados na prova objetiva (Edital PGR/MPF 32/2018) e somente 47 candidatos foram aprovados ao fim do concurso (Edital PGR/MF nº 72/2018). Tendo sido um desses 47, posso garantir que, em nenhum momento do concurso, ocupei-me de saber quantos pontos fizeram esse ou aquele candidato; antes, o que realmente tirava meu sono era compreender o que eu haveria de fazer para obter e demonstrar conhecimento bastante para alcançar o mínimo em cada fase.

Embora essa “lógica do inimigo e do candidato sobre-humano” possa ter sua boa intenção de estimular, de tentar criar no indivíduo o desejo de ir além, ela tende a incutir, de maneira duradoura e perniciosa, na cabeça do candidato, a ideia de que tudo que ele faz é pouco, porque sempre haverá alguém fazendo infinitamente mais. E isso, para além de ser falso, angustia, deprime, estressa e aumenta exponencialmente a sensação de culpa que, de ordinário, segue o candidato, quando ele não está estudando. E nada do que falei, inclusive a culpa, pode ser bom para preparação. Lembro-me de, anos atrás, ter estado num grupo de whatsappem que um colega procurava informações sobre fármacos aptos a manter o indivíduo acordado o máximo de tempo possível. E isso é tolice,  a partir do fato de que ninguém pode passar anos e anos de estudo, à base de qualquer medicamento para dormir menos, render mais em leitura, apreender mais conteúdo ou trazer qualquer outra “promessa” do gênero. É certo, por outro lado, que é possível cogitar-se em um “estudo de véspera”, em que o indivíduo, às portas de uma dada prova e à falta de tempo disponível, necessite envidar um esforço maior. Fiz isso semanas antes da prova oral do 29° CPR. Estava na prova oral do concurso que dizem ser o mais difícil do País. Poderia não passar, mas precisava da certeza de que tinha feito o máximo, até porque chegar novamente a uma prova oral, recomeçando do zero, seria um trabalho de Hércules. Então, eu dormia pouco e passava meus dias à base de café expresso. Quando o café já não era mais suficiente para manter-me atento, passei ao enérgico. Mas comecei a experimentar forte taquicardia e parei logo com aquilo. Mas isso tudo é uma situação extrema.

Neste exato momento, muitos que me leem sentem dores musculares à altura do pescoço e ombros (eu sentia isso), ou dores intestinais intermitentes. Passei considerável tempo estudando para vários concursos. Estive em vários órgãos e cargos públicos e, portanto, passei amplo lapso sempre com a ideia de um novo cargo, uma nova prova, um novo edital, uma nova nota de corte. Durante todo o interregno, experimentei diversos “efeitos colaterais” da preparação. Tudo por conta de estresse, que não só eu experimentava, mas que muitos hoje todos os dias experimentam. Assim, talvez seja preciso – nesse turbilhão de livros a serem lidos, leis a serem decoradas, correntes doutrinárias a serem apreendidas, tudo isso que cega a todos e torna a aprovação um caso de vida ou morte – que alguém possa dizer, por mais assustadoramente óbvio que isso seja, que o homem é maior que prova e a vida é infinitamente superior a qualquer concurso, e você não tem que esperar o dia da aprovação para sentir-se em paz e ter uma vida minimamente com qualidade, porque o céu não descerá a você e todos os problemas da vida, enfim, serão aniquilados, no dia em você que passar, por mais realizado que se sinta com a vitória. E se sentirá, é claro.

Buscando a cada dia cada um o seu melhor método, é preciso descansar. Perdi a conta de quantas pessoas me perguntaram até agora quantas horas eu estudava por dia para passar para procurador da república (ainda hoje duas já me perguntaram). Embora não me custe tentar responder, bem pensadas as coisas, isso é irrelevante. Em grandes feriados ou períodos de férias, por mais que eu quisesse, não podia ultrapassar certo número de horas estudando, porque, se passasse alguns dias seguidos fazendo esse número, no dia seguinte seria assaltado por tamanha dor de cabeça, que meu rendimento cairia significativamente, a ponto de, em casos mais sérios, eu ter de dar pausas de um ou até dois dias. Tenha suas horas úteis de estudo, busque o que pareça fazê-lo apreender mais. Tenha roteiros e metas semanais que seja. Estude, por período, uma única matéria ou várias. E não importa se qualquer outro candidato está estudando ou fazendo qualquer outra coisa, enquanto você descansa. Esse fardo é seu. Ninguém poderá levá-lo por você. É você, portanto, que sabe onde o ferimento dói mais.

E os japoneses que me desculpem com seus provérbios!

Que Deus abençoe a todos!

Anderson Paiva é procurador da República aprovado no 29 CPR. 
No Instagram @andersonrpaiva

2 comentários:

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