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DICAS SOBRE A TEMIDA PROVA ORAL - POR RAMON DE SOUSA NUNES


Oi gente, hoje chegamos ao terceiro texto do RAMON DE SOUSA NUNES contanto sua trajetória nos concursos!

Ramon foi aprovado na AGU, PFN, PGM/Salvador, PGM/São Luis e PGM/MA e tem compartilhado seu passo a passo aqui no blog. 



Hoje chegamos ao texto 03 dessa jornada de sucesso. :) 

3.0 A temida prova oral

De todas as fases de concurso, a mais temida de todas é indubitavelmente a prova oral.
Reputo uma razão para isso: nós concurseiros e do ramo jurídico não estamos acostumados a falar, mas tão somente a escrever.
É algo que vem enraizado desde a faculdade de direito e que se perpetua na prática jurídica, de modo que é uma constatação que, não obstante as representações na teledramaturgia, o Direito vem sendo mais resolvido na caneta do que na voz.
O problema se agrava ainda mais para quem não efetivamente advoga ou exerce o serviço público em carreiras exclusivas de bacharel em direito, tendo em vista que acaba por se acostumar a não expressar o raciocínio jurídico de forma oral.
Desse modo, é natural que haja certo medo das provas orais. No entanto, veremos que se trata de somente mais uma fase do concurso público, não sendo de algo extraordinário ou impossível de ser resolvido.
Outro agravante é que definitivamente a prova oral é a mais anti-isonômica de todas, tendo em vista que a álea relativa aos questionamentos é um fator preponderante para o sucesso ou não do candidato.
É possível, portanto, que um candidato menos preparado obtenha mais sucesso apenas porque teve a sorte de ter sido arguido em temas que estava bem inteirado.
De qualquer modo, um candidato bem preparado dificilmente reprovará em uma prova oral, ainda que tenha bastante azar durante esta. O que irá variar será a obtenção de uma nota mais alta ou não.
Para mim, também não foi diferente, afora a empolgação de estar na prova oral e bem perto da aprovação sonhada, a primeira coisa que senti, além do medo e da euforia, foi a dúvida sobre o que e como fazer.
Naturalmente, questiona-se o que se vinha fazendo até ali ou se há algo mais eficiente para fazer em relação à prova oral. Também, se pergunta se é necessário fazer algum curso ou se é preciso realizar simulações. 

Tentarei responder todas essas perguntas:
Acerca do que absorvi desse período, entendo que o estudo na fase oral é mais ou menos igual a subjetiva, sendo necessário dominar a doutrina e a jurisprudência.
No que tange à lei seca, sobreleva notar que algumas bancas oferecem o vade mecum para a consulta, porém, diante do tempo reduzido, faz-se necessário também conhecer a lei seca para essa fase.
De qualquer maneira, o mais importante aqui que o treinamento.
Deve-se treinar todos os dias até o dia da prova, com colegas, amigos, pai, mãe, cachorro, sozinho... O importante é aprender a falar e desenvolver uma linha de raciocínio clara ao falar.
Com efeito, quanto mais treinamento melhor o candidato se sairá na prova, de forma que não se de pode negligenciar isso, sob o fundamento de que utilizar o tempo disponível para estudar o conteúdo em si.
Na verdade, o treinamento em si é uma forma de estudo, ainda mais quando se treina com colegas que estão no mesmo nível. Não raro perguntas feitas durante o treinamento serão repetidas de forma muita semelhante ou idêntica pela própria Banca examinadora.
Vale dizer: os treinos para a prova oral também são uma forma de aprendizagem e devem ser realizado preferencialmente de forma presencial, pois há uma simulação maior do dia da prova.
Entrementes, caso o candidato não tenha ninguém que possa treinar presencialmente, é possível sim utilizar a estratégia de treinar por via de videoconferência.
Somente ressaltaria que a posição da câmera deve possibilitar a visão sobre as mãos, uma vez que o treinamento dos gestos também deve fazer parte das simulações.
O importante é não deixar de treinar.
Mencione-se ainda que os treinos devem ser realizados conforme as regras da prova, assim é altamente indicado que o aluno pesquise sobre como foram realizadas as provas antigas e fazer os treinos de acordo com ela.
Especificamente, devem ser levados em contas elementos como tempo de prova, estilo das questões, matérias perguntadas, entre outros.
Também é imprescindível realizar cursos preparatórios para prova oral, nos quais, em regras, são realizados simulações de prova oral e ainda são dadas dicas teóricas sobre o que se deve ou não fazer no dia da prova.
Assim, eles te deixam ligado no que pode acontecer de intercorrência na hora da prova, bem como funcionam para avaliar o nível atual do candidato e seus defeitos que devem ser trabalhados nos treinos.
Além disso, em tais cursos, é possível tirar dúvidas que vão desde a maneira de se portar com a Banca até dicas de vestuário para o dia da prova.

3.1 Aspectos relevantes da prova oral

Nesse tópico, não irei dar dicas sobre quais cursos preparatórios fazer, até mesmo porque isso irá variar bastante para cada prova.
Certo é que cada um deles tem sua individualidade e que compete ao candidato escolher o que melhor lhe convier, de acordo com os aspectos relativos ao preço, pessoas envolvidas no projeto, histórico de aprovações etc.
O que irei fazer, é trazer o que guardei de mais interessante dos cursos que frequentei e também das provas que fiz.
Na minha experiência pessoal, realizei alguns cursos preparatórios (2 cursos, no total) para a prova oral, o que, sem sombra de dúvidas, ajudou-me a lograr êxito.
Ademais, também procurei treinar todos os dias com colegas que também estavam na mesma situação até o dia da prova, sempre que possível de forma presencial, para simular o melhor possível o clima desta.
Entre os aspectos que devem ser considerados durante o treinamento e levados para o dia da prova, um dos mais importantes é o modo de se portar com a Banca examinadora, devendo o candidato sempre se dirigir respeitosamente à Banca, inclusive utilizando ou “Vossa Excelência” ou “Excelência” como vocativo.
Nessa linha, trago uma pequena anedota que ocorreu na prova oral da Advocacia-Geral da União: uma colega ao se referir a um dos membros da Banca, utilizou a seguinte a construção “Excelência, você...”, tendo sido imediatamente repreendida por outro membro desta, que lhe respondeu que ela não deveria mais repetir essa expressão (você) novamente.
No caso concreto, isso não refletiu na nota da prova, pois a colega conseguiu absorver o golpe e não ficar nervosa, mas com certeza foi fonte de instabilidade emocional para a colega, que, se fosse mais suscetível, poderia ter se complicado.
Outra coisa interessante, é que nas provas orais que realizei, o candidato sempre ficava sentado, o que eu acredito ser uma regra entre as provas de advocacia pública, ao contrário de outras de Ministério Público e Magistratura que são realizadas em um púlpito e em pé.
Desse modo, o candidato deve saber se portar, evitando cruzar as pernas (inclusive, as mulheres) ou manter uma postura relaxada, isto é, deve adotar as formalidades que a ocasião exige.
Muitas vezes por mania pessoal, mantemos uma posição que não é a mais adequada e que pode passar a ideia para Banca de que o candidato esteja sendo desrespeitoso.
Inclusive, é necessário ressaltar que os gestos com as mãos são importantes, mas devem ser realizados de maneira adequada. Os cursos preparatórios são de muito valor aqui, precisamente para explicar ao aluno que maneira adequada é essa.
O que posso dizer é que se deve utilizar as mãos de forma cadenciada e relacionada ao que está se dizendo, ilustrando melhor o texto de forma não-verbal e evitando formar algum gesto com conotação desrespeitosa ou mesmo sexual
Por mais curioso que possa ser, é normal que aconteça um gesto com essa conotação aconteça sem intenção nenhuma se não houver treino adequado.
Mais: na prova oral, é muito importante responder as perguntas ainda que não saiba a resposta. Para isso, o treinamento será fundamental, pois se desenvolverá melhor o raciocínio jurídico, bem como formas de responder mesmo sem saber exatamente a resposta.
Para ser mais específico, uma das coisas que se pode fazer quando perguntado sobre algo específico (ex: o que é Constitucionalismo contemporâneo) que não se saiba, a priori, a resposta, seria tentar começar do geral (ex: abordar o movimento constitucionalista) e ir aos poucos descendo, através da dedução, para tentar dar uma resposta ao que de fato foi perguntado.
Em alguns momentos, a Banca pode inclusive guiar o candidato dando a linha mestra da questão ou mesmo sinônimos de algum termo que tenha sido perguntado.
No meu caso, durante a prova oral da Procuradoria da Fazenda Nacional (PFN), fui perguntado sobre a constitucionalidade ou não da terceirização da dívida ativa da Fazenda em casos específicos. 
Em razão de um parecer da Procuradoria-Geral da Fazenda Nacional, optei por responder pela inconstitucionalidade.
Logo após, a Banca examinadora sinalizou que não era essa a resposta que ela queria, de modo que tive tempo de reformular e responder pela constitucionalidade em casos específicos.
Lógico que, em uma situação dessas, eu não obtive a pontuação máxima naquela matéria, porém consegui evitar de receber uma pontuação menor. Isto é, a prova oral também é sobre conseguir aproveitar o máximo do que lhe for oferecido.
Assim sendo, não deve haver vergonha ou medo de voltar atrás em uma resposta que desagradou a Banca ou mesmo que se tenha notado depois o erro.
Entretanto, isso deve ser feito de forma definitiva e não se deve ficar indo e voltando na resposta. Muitas vezes, a Banca está testando a segurança do candidato e acaba soltando alguns argumentos contra e outros a favor, apenas para ver a reação deste.
Ao perceber tais situações, o candidato deve manter firmeza. Afinal, a prova oral não é só sobre Direito, mas também é como se fosse uma entrevista de emprego e nenhum empregador iria querer contratar um empregado sem segurança alguma.
Saber interpretar os sinais, para perceber se a Banca está tentando induzir o candidato ao erro ou ajudá-lo, e como contornar situações assim, é algo que só vem de intenso e contínuo treino.
Apenas adianto que, na maioria das vezes, a Banca tenta mais ajudar do que atrapalhar.
De qualquer sorte, pode acontecer de não ser possível contornar determinada pergunta. Nesses casos, que certamente serão a exceção depois  de muito treinamento, não se deve ter vergonha de usar o “não me recordo”. Eu mesmo disse “não me recordo” em mais de uma situação.
Outra questão importante, é a vestimenta.
Para as mulheres, em geral, os cursos indicam ternos femininos ou vestidos mais formais. Para os homens, a indicação é utilizar um terno de cor escura (preto, azul marinho ou cinza), camisas de cores claras e gravata azul ou vermelha.
Não é algo que vá complicar muito, mas é necessário não desprezar isso. Portanto, se possível, é melhor não economizar na hora de comprar a roupa para a prova.
Afinal, é uma situação importante e que definirá os próximos anos da vida do candidato.

Eduardo, em 

No instagram @eduardorgoncalves
Autor- Manual do Concurseiro - baixe aqui no blog. 


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