Olá amigos e leitores do blog.
Nessa semana natalina nada melhor que compartilharmos uma depoimento de aprovado que, de fato, usou as dicas do blog, vinha aqui com frequência ler depoimentos e pegar as dicas.
Para nós uma felicidade imensa compartilhar o depoimento do JOÃO PAULINO DE OLIVEIRA NETO, aprovado na PGDF, um dos concursos mais difíceis do país.
Desejamos ao JOÃO muito sucesso no cargo e que seja, acima de tudo, feliz. Parabéns meu amigo.
Vamos ao depoimento:
Olá, amigos e amigas concurseiros, espero que todos estejam bem!
Irei compartilhar um pouco da minha experiência na trajetória até a aprovação no mundo dos concursos.
Inicialmente, gostaria de agradecer imensamente ao Eduardo por abrir este espaço para mim, pois, além de uma honra, é um momento de reviver as diversas vezes que vinha ao blog buscar a leitura de depoimentos de aprovados como uma forma de seguir no caminho, e ainda aprender as diversas lições que o Eduardo disponibiliza.
Bem, me chamo João Paulino de Oliveira Neto, tenho 27 anos e estou aprovado nos concursos para Procurador do Distrito Federal e para Procurador do Estado da Paraíba.
Iniciei minha trajetória no mundo jurídico em 2013 ao ingressar na graduação de Direito. A cidade onde morava fica na região central do Rio Grande do Norte e tem apenas 3 mil habitantes, o que me obrigou a ir para uma outra cidade, aproximadamente a 120km, para me graduar.
Fiz graduação como bolsista em uma universidade particular e sem muito acesso aos rigores e fama das universidades públicas. Durante a graduação, nunca fui bom aluno, estudava basicamente o que gostava, mas foi o suficiente para aprender e passar pelos semestres.
Nunca tive interesse em fazer concurso público. Sempre sonhei em advogar. Então, após terminar a faculdade em dezembro de 2017, comecei o exercício da profissão de advogado no início do ano de 2018.
No entanto, as coisas mudaram em 2020. As dificuldades do início da advocacia somadas aos obstáculos criados pela pandemia da COVID-19, me fizeram repensar a minha rota profissional.
Assim, foi no início de 2020 que decidi que iria estudar para concursos públicos. A partir daí comecei a árdua vida concurseira. Talvez a única coisa fácil tenha sido a escolha pela carreira, a advocacia pública, afinal de contas nunca me vi capaz de acusar alguém ou de julgar alguém. Isso me ajudou bastante a ter foco nos estudos.
Ao decidir estudar, decidi diminuir drasticamente o meu trabalho como advogado para poder dedicar mais tempo aos estudos, além de usar as reservas que tinha feito para manter as despesas e poder fazer provas e comprar os livros, além de contar com a ajuda de alguns parentes, especialmente minha esposa, a quem dedico cada uma das letras deste texto, pois sem ela nada disso seria possível.
Logo de início, encontrei o blog do Eduardo – e não é marketing, é a pura verdade – as dicas e direcionamentos que estavam ali me deram um rumo. Aprender com quem já passou pelo caminho é importante.
Outra coisa importante é conhecer um pouco de si mesmo. Nunca me dei bem com vídeos-aulas, sempre preferi os livros. Então, comecei a estudar pelos que já tinha em decorrência da atividade da advocacia. Além dos livros jurídicos, um dos poucos materiais que adquiri foi o Edital Esquematizado para Procuradorias e julgo que foi muito importante.
O uso correto desse material, como verdadeiro manual de instruções, me ajudou a realizar um estudo estratégico – é preciso lembrar que o estudo para concursos públicos não é para criar uma tese de doutoramento (você ache isso bom ou ruim, mas esse é o jogo), mas para você ser aprovado e nisso o Edital Esquematizado foi fundamental.
Uma outra coisa que pude perceber e que me ajudou bastante foi o fato de ver o estudo de uma maneira “holística”, mas com a centralidade da lei seca. Usava a doutrina para entender a lei e a jurisprudência para vê-la aplicada. Isso foi uma ferramenta para superar a dificuldade de memorização da lei seca, pois me permitia ver o direito de uma maneira “total”, além de me permitir construir um raciocínio jurídico, o qual muitas vezes me deu pontos mesmo sem saber efetivamente as respostas.
Além disso, eu sempre resolvi questões objetivas todos os dias, especialmente como uma forma de revisão e para formar um conhecimento sobre as bancas. Esse é outro ponto que julgo central. Veja, a resolução de questões é muito mais que o simples ato de resolver uma questão, mas é um exercício ativo de construção de conhecimento que permite você ver concretizado o que será seu objeto de “trabalho”. O grande ponto é tornar aquilo cotidiano para você, seu cérebro, seu corpo, sua alma já veem aquilo como algo próximo de sua realidade.
Ainda nas questões, destaco a importância de simulados. Em períodos distantes de provas fazia um simulado mensal, mas em vésperas de provas cheguei a fazer um por semana. Imergir o mais próximo do cenário real de prova é importante para criar aquela mesma familiaridade.
Assim, o tempo foi passando e a “seca” de editais de 2020 foi me dando mais tempo para estudar. Até que chegou o momento de colocar em prática o que estava estudando.
Ao fim do ano de 2020, realizei as primeiras provas para cidades do interior, nas quais obtive êxito, apesar de que uma delas acabou sendo suspensa pelo Tribunal de Contas e a outra a aprovação veio, mas distante da chance de nomeação.
No início de 2021, fiz a prova da CODEVASF. Primeira prova CESPE que fiz, primeira prova grande da vida. Nervoso no dia da prova, 120 itens, 1 errado anulava 1 certa. Obtive êxito na prova objetiva, mas a discursiva não tive a menor chance. O que foi importante, pois sinalizou para onde eu deveria voltar meus olhos. E assim o fiz.
Em meados de 2021, começaram a sair os inúmeros editais, o primeiro deles foi a PGE/PB.
Fui para João Pessoa, prova objetiva e discursiva no mesmo dia. Sem lenço e sem documento. No intervalo entre as provas, ouvia as pessoas falando sobre a prova objetiva: “não tem a menor chance de eu não ter feito 85 pontos nessa prova”. Era a minha primeira prova de carreira jurídica, eu ouvia essas coisas e tremia, suava e comia o bolinho que deveria ser meu lanche como almoço, já que perto do local não havia nada de restaurante ou lanchonete.
E é que para minha surpresa, fiz 92 pontos na prova objetiva e fui bem o suficiente para não ser reprovado na discursiva. E na minha primeira prova, naquela que eu me tremia ouvindo tudo aquilo, fui aprovado! Juro para vocês que até hoje não acredito em como tudo aquilo aconteceu.
Mas, então vieram outros muitos editais. E aí me vi em um novo dilema: precisava escolher quais provas fazer, pois não tinha dinheiro para fazer todas (esse dilema se repetiu em 2022, mas já eu conto para vocês!). Então, decidi fazer a prova da PGEGO e PGEAL.
Essas 10 letras vão me marcar para o resto da vida.
Acredito que a partir daqui surge uma das coisas que julgo ser o aspecto “extrajurídico” mais importante para o concurseiro: a resistência.
No final do ano de 2021, eu tinha passado na prova objetiva e discursiva da PGE/GO e tinha obtido uma excelente nota na prova objetiva da PGE/AL. Porém, algo completamente alheio ao conhecimento jurídico aconteceu e mudou muita coisa.
As provas objetivas e discursivas de Alagoas foram no mesmo final de semana. No domingo pela manhã, tínhamos que responder 5 questões de 20 linhas em 2h30min. Preocupado com o tempo, acabei me confundindo e coloquei uma das respostas no espaço de outra, o que me fez zerar uma das questões. Isso me destruiu. Eu queria muito essa prova. Mas segurei – literalmente – o choro e fui para a prova da tarde. Eu fiz tudo o que pude naquele parecer, tudo mesmo.
Ao sair o resultado provisório, veio uma surpresa: devido à minha nota na prova objetiva, consegui obter a pontuação que me levaria entre os 24 da prova oral. Na verdade, eu era o 24º.
E assim, eu terminei o ano de 2021, aprovado para prova oral da PGE/GO e aprovado, provisoriamente, para a prova oral da PGE/AL. Mas o ano de 2022, já iniciou desafiador. Após os recursos, acabei saindo dos aprovados da PGE/AL. Foi devastador. Me culpava pelo erro cometido, mas precisei passar por cima disso e me preparar para a prova oral da PGE/GO. Foi o que fiz.
Estudei insanamente até o dia da prova. Saí confiante daquela sala. Eu jurava que tinha conseguido.
No entanto, mais um baque: reprovado na prova oral da PGE/GO. O mundo desabou.
Eu não sabia o que fazer, todas as minhas fichas estavam ali. Eu tinha deixado de fazer outras provas para fazer essa e, financeiramente, não sabia se iria suportar mais um ano de concursos.
Foi um momento difícil, amigos. Pensei muito em desistir. Não sabia o que fazer, para onde ir. Olhar nos olhos da minha esposa era pesado, pois ela também permanecia colocando toda confiança do mundo em mim, mas eu já duvidava.
Até que veio a publicação do edital da PGDF.
Eu relutei muito para essa prova. Um edital extenso, com direito do consumidor, penal e processo penal, matérias que não estudava cotidianamente e sabia, com base na última prova, que a cobrança era aprofundada. OBS: esse é outro ponto importante. Vejam as provas anteriores.
Até que por insistência da minha esposa e por sinais divinos, acabei decidindo fazer. Escolhi não ir outras provas que aconteceram, pois não tinha o dinheiro para ir, me vendo mais uma vez, depositando todas as esperanças nessa prova. Reuni os últimos recursos financeiros, emocionais, psicológicos, mesmo sem conseguir estudar firmemente como antes, inclusive pelo trabalho que precisei dar maior atenção, acabei indo para Brasília.
Surpreendentemente, passei na prova objetiva. Foi uma surpresa enorme. Em meio a tanta gente boa, eu tinha conseguido estar entre os que iriam para a prova discursiva. Mesmo assim, eu não confiava que seria capaz de passar, ainda carregava o peso das reprovações doloridas.
Mais uma vez, fiz o que pude, estudei como pude e parti para os 3 martirizantes dias de provas discursivas. No primeiro dia, já sofri um golpe: uma das teses cobradas, eu não sabia, simplesmente não sabia. Mas encontrei forças e dei tudo de mim nas questões e nos demais dias de prova.
Ao fim do terceiro dia, pensei: “pelo menos lutei a boa luta, se é de reprovar na oral, que seja agora”.
E assim, aconteceu. No resultado provisório da prova discursiva, estava fora das vagas da ampla concorrência para a prova oral. Iam 54 e eu estava em 76. Pensei: “Sem chance”. Mas de toda forma, por desencargo de consciência, me dediquei aos recursos. Passado o tempo, eis que sai o resultado definitivo e vejam só vocês: estava eu lá aprovado entre os 54, especificamente em 48º para ir para a prova oral.
Vocês percebem as nuances da vida? As pequenas ironias que o mundo nos reserva? Em um dia eu fui a “vítima” que tinha saído após os recursos, mas em outro, foram os recursos que me trouxeram até aqui. Então, vejam que a resistência aos obstáculos nos permite seguir no caminho, mesmo que algumas rotas sejam desviadas e, se um dia perdemos, outro dia a vitória bate à porta.
A partir daí comecei os estudos para mais uma prova oral. O mais difícil dessa vez era lidar com o medo de mais uma reprovação nessa fase tão adiantada do certame. Tentei controlar isso. No dia da prova, eu rezava, eu pedia calma e tranquilidade, mas em alguns momentos o corpo não atendia ao que eu pensava.
Confesso que fazer nó de gravata não é uma coisa das mais simples, mas também não é nada de muito extraordinário, no entanto, dar o nó na gravata enquanto me vestia antes da prova, foi uma das piores coisas da vida. Eu tentei fazer 13 vezes, mas as mãos tremiam, suavam. Foi um terror.
Mas finalmente chegou o momento e eu dei tudo de mim. Mais uma vez, fiz tudo que pude.
E dessa vez, eu consegui. A vitória veio: APROVADO PARA PROCURADOR DO DISTRITO FEDERAL. E eu estou aqui contando essa história para vocês.
Eu peço desculpa, se eu falei pouco sobre estudos, sobre materiais, mas te juro que acho mais importante hoje você saber que você pode superar. Não é ser coach ou qualquer coisa assim, não é essa a minha pretensão, mas é que você possa encontrar, nessas palavras, o acalanto após uma reprovação doída ou mesmo naqueles dias que tudo que você pensa é em desistir.
Saiba meu amigo e minha amiga, muitas vezes o que te divide entre a aprovação e a reprovação não é o conhecimento, mas o quanto você resiste. Resistir vem de “ficar firme”. E é isso. Você precisa “ficar firme” no seu caminho, nas suas convicções, mesmo que precise fazer isso sozinho em alguns momentos. Você precisa ser stoic mujic, como falava o personagem em “Ponte para Espiões”, um belíssimo filme que fala sobre permanecer firme nas suas convicções, ainda que o faça sozinho.
Para terminar, eu quero deixar um trecho de um poema que há muito não lia, mas que me veio de súbito na mente e eu entoava antes de cada uma das provas da PGDF:
“As armas ensaia,
Penetra na vida:
Pesada ou querida,
Viver é lutar.
Se o duro combate
Os fracos abate,
Aos fortes, aos bravos,
Só pode exaltar.” (Canção do Tamoio – Gonçalves Dias).
Espero que essas palavras sirvam de incentivo e apoio para quem dedicou um tempo para lê-las. Será gratificante para mim se puderem ajudar de alguma forma. Acaso queiram saber mais sobre a preparação em si, sobre os estudos, quem sabe em outra oportunidade volto por aqui para falar sobre o assunto.
Além disso, me coloco à disposição para ajudar ou sanar qualquer dúvida, tanto no meu e-mail joao.paulino28@gmail.com, como no meu instagram @joaopoliveirant .
Um grande abraço em todos vocês!
21/12/2022
Show demais!!!
ResponderExcluirDepoimento emocionante e carregado perserverança e resistência.
Saiba que a sua história inspirará muitos colegas por aqui.
Tenho a certeza de que Deus concretiza nossos sonhos no momento correto.
Parabéns pela aprovação!!!
Você foi merecedor.
gostei demais!
ResponderExcluirParabéns pela aprovação e, sobretudo, pela resiliência!
ResponderExcluirVocê resolvia questões todos os dias mesmo quando ainda estava formando a base? Qual a média de questões e tempo/dia?
Texto perfeito! Sua história é inspiradora. Parabéns 👏
ResponderExcluirPrezado João, agradeço pela sinceridade das suas palavras. De forma tão simples, mas enfática me fez renovar os ânimos nesse final de ano após anos de estudo sem êxito.
ResponderExcluirEmocionante! Parabéns por sua força!
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