Dicas diárias de aprovados.

“ESTUDO PARA CONCURSOS PÚBLICOS E PENSO EM FAZER MESTRADO. VALE A PENA?”

Senhores, bom dia! Yago Ferraro (no instagram: @yagodaltroferraro) quem escreve o texto de hoje, que versa sobre mestrado e concursos públicos. 

 

Como sou Professor Universitário e fiz Mestrado em Direito na UFBA enquanto me preparava para concursos públicos (2016-2018), muitos concursandos têm me pedido opiniões sobre o tema, perguntando se vale a pena.

 

A resposta ao questionamento não é necessariamente binária (sim ou não) e envolve uma série de nuances da vida e objetivos de cada um.

 

Para falar sobre o tema, tratarei de algumas conclusões que extraí da minha experiência pessoal e farei alguns comentários ao final.

 

CONCLUSÃO 1 – O MESTRADO COMPROMETEU SIGNIFICATIVAMENTE O MEU TEMPO DE PREPARAÇÃO PARA CONCURSOS

 

Lembro-me que, quando pensei em fazer mestrado, um amigo meu, já Promotor de Justiça, me disse que isso comprometeria significativamente minha preparação para concursos públicos, porque tomaria muito tempo.

 

Como sempre fiz muitas atividades concomitantes, pensei que isso não me afetaria tanto. Ledo engano. O volume de leitura, notadamente nos primeiros semestres, foi absurdo. Quando pegava três disciplinas, lia uma média de 200 ou 300 páginas por semana. E eram livros densos (a exemplo de Modernidade Líquida, de Zygmunt Bauman, dentre outros), que demandavam leitura atenta, notadamente porque, não raro, nós tínhamos que fazer apresentações desses livros.

 

Depois, com o cumprimento dos créditos, o volume de leitura para apresentação diminuiu. Mas continuava a ler muitos livros para poder escrever a dissertação.

 

Como trabalhava no TJBA como Analista designado Assessor, meu tempo de preparação para concursos públicos, ao menos no primeiro ano de mestrado, foi quase anulado. Estudava, quando muito (e com muito esforço), 2 horas. Mas ainda assim não abandonei os estudos para concurso e tentava estabelecer uma constância na preparação.

 

CONCLUSÃO 2- A PESQUISA SÉRIA NO MESTRADO ME AJUDOU A EVOLUIR ENQUANTO PROFISSIONAL DO DIREITO

 

Dentre as muitas lições que extraí do Mestrado, uma das que reputo mais valiosas, para a minha vida, foi a habilidade de escutar, de ponderar e de questionar as minhas próprias premissas.

 

Quando formulei minha pergunta de partida, tinha uma hipótese. E, ao longo da pesquisa, cheguei a uma conclusão diversa da que eu tinha imaginado. Esse exercício de dialética me amadureceu muito, pois, malgrado eu defendesse a minha hipótese, eu me dispus a testá-la, a ler opiniões contrárias e a refletir sobre elas. E se a hipótese se confirmasse, ela, ao final desse exercício, se tornava muito mais sólida.

 

Esse exercício foi de grande valia na minha função de Assessor de Desembargadora, quando analisava os autos para minutar votos. E estou certo de que será igualmente valioso no exercício da magistratura.

 

Assim como falar em público é uma habilidade que deve ser treinada, o ouvir e o refletir também são habilidades que devem ser praticadas. E o mestrado me ajudou muito nisso.

 

CONCLUSÃO 3- O MESTRADO ME CONFERIU TÍTULOS, MAS ELES NÃO FORAM TÃO SIGNIFICATIVOS PARA OS CONCURSOS QUE PRESTEI

 

Como se sabe, a prova de títulos é meramente classificatória (não elimina). De um modo geral, os títulos não são tão determinantes na classificação (inclusive, há vários aprovados sem título algum), mas, em situações específicas, eles podem ajudá-lo a galgar melhores colocações, o que implica melhores lotações (e, posteriormente, mais rápida movimentação na carreira). Além disso, podem, eventualmente, fazer com que você seja chamado na primeira leva.

 

Mas, sinceramente, penso que o custo do Mestrado (leia-se: tempo) é muito alto para os benefícios (títulos) que ele te dá.

 

No TJBA, fiquei com 3,3 pontos de títulos (salvo engano, foi a 5amaior pontuação de títulos do concurso). Desses, o mestrado foi responsável por 1,7 pontos (1,5 do título de mestre e outros 0,2 decorrentes dos artigos que escrevi em razão do mestrado).

 

No MPSP, fiquei com 0,35 de títulos (a maior pontuação de títulos do concurso). O mestrado e a docência foram responsáveis por isso.

 

Embora tenha ganhado algumas posições com os títulos, isso não foi determinante na minha classificação. Fiquei com possibilidades melhoras de escolha, evidentemente. Mas o tempo que o mestrado me custou certamente poderia ser melhor aproveitado no concurso, o que poderia, em tese, me render uma pontuação melhor nas outras fases.

 

Além disso, tenho uma amiga que não fez mestrado e ficou com 2,9 de títulos no TJBA. Isso porque ela é Procuradora do Município de Ilhéus/BA, cujo exercício no cargo por mais de três anos lhe conferiu 2,00 pontos (bem mais que o mestrado, que valia 1,5 pontos). Ou seja, a depender do edital, é possível que o mestrado valha menos que outras oportunidades que podem ser aproveitadas por você.

 

Para os que estudam para a magistratura, recomendo que leiam a Resolução 75 do CNJ, que padroniza o assunto (no MP não há resolução semelhante. Cada edital é um mundo).

 

CONCLUSÃO 4- O ESTUDO DO MESTRADO É VERTICALIZADO, O QUE, EM REGRA, É INCOMPATÍVEL COM A HORIZONTALIDADE EXIGIDA EM CONCURSOS PÚBLICOS

 

Minha linha de pesquisa no mestrado foi Justiça Restaurativa. Li inúmeros livros e artigos sobre Abolicionismo Penal, Criminologia Crítica, Direito de Intervenção, Política Criminal, etc.

 

Isso me ajudou a formar um pensamento crítico, que eu reputo extremamente importante para a minha formação profissional, notadamente para o cargo que vou ocupar.

 

Penso que o Profissional do Direito não pode ser somente um bom técnico em Direito. É importante pensar extramuros, saber de antropologia, criminologia, sociologia. Entender o mundo que o cerca. Pluralidade de fontes e de pensamentos enriquecem a vivência jurídica.

 

Mas, para avançar nos concursos públicos, é necessário saber jogar o jogo. E as provas cobram um conhecimento horizontalizado, de diversas matérias, o que é aparentemente incompatível com o mestrado.

 

Arrisco dizer que mais de 90% do que vi no mestrado, embora muito importantes para mim, não me ajudaram de forma direta no concurso público.

 

E o tempo comprometido no mestrado me impediu de ler assuntos variados do edital. Foram tempos de passos muito lentos na minha preparação para concursos.

 

CONCLUSÃO 5- O MESTRADO FOI ESSENCIAL PARA QUE EU INGRESSASSE NA DOCÊNCIA, QUE ERA UM DOS MEUS PROPÓSITOS

 

Sem o mestrado, ingressar na docência universitária é bastante difícil. As faculdades costumam exigir, ao menos, o título de mestre.

 

Como sempre quis ser professor, esse foi o principal motivo para eu desejar fazer mestrado. Ensinar, para mim, é uma verdadeira paixão.

 

Quando estou em sala de aula, eu me sinto verdadeiramente realizado. Amo muito o que faço e sou feliz por isso.

 

Como era uma necessidade que eu tinha, e surgiu uma vaga na minha linha de pesquisa no edital de 2016, eu prestei a seleção e fui aprovado.

 

DE TODO O EXPOSTO:

 

De logo, ressalto que sempre busco evitar a maximização da minha própria experiência. Cada um tem suas peculiaridades de vida e cada realidade é distinta.

 

Mas, considerando tudo o que foi dito, quando alguém que estuda para concursos públicos me pergunta se vale a pena fazer mestrado, eu pergunto o seguinte: por que você quer fazer mestrado?

 

Se for só para títulos, eu respondo com um grande e sonoro NÃO!!!!

 

O custo/benefício é baixíssimo. O mestrado vai comprometer muito o seu tempo e vai ficar muito difícil de conciliar com a preparação para concursos públicos. Se você trabalha, então, vai ficar

praticamente impossível. E esse é um preço muito alto a se pagar para ganhar poucos pontos de títulos.

 

No meu caso, a docência era um propósito de vida tal qual o concurso público. Para mim, era muito importante ser professor. Uma realização pessoal. Então, colocando na balança, e levando em consideração o momento de vida que eu passava em 2016 (tinha perdido meu avô recentemente, estudava de maneira não estratégica para concursos -o que me fazia girar em círculos na preparação), decidi prestar logo a seleção para o mestrado. E, felizmente, fui aprovado. E fui muito feliz no mestrado, evoluindo muito como pessoa e como profissional. É uma experiência riquíssima!

 

Mas, se, embora você goste de pesquisar ou de ensinar, isso não é tão importante para você quanto o concurso público, avalie se você precisa fazer mestrado agora ou pode deixar para depois.Pondere o custo/benefício e tome a sua melhor decisão.

 

Espero ter ajudado, pessoal! Forte abraço a todos!

 

Sigam-me no instagram (@yagodaltroferraro) e tirem suas dúvidas comigo sobre o tema

2 comentários:

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  2. Amigos, foquem nos estudos para concursos. A Academia brasileira é uma piada. Se depois quiserem aprender algo sobre o mundo, comecem lendo os livros da lista do Mortimer Adler.

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