Peço licença para tratar de um tema um pouco mais específico, embora acredite que colabore com todos os aspirantes ao cargo de Promotor de Justiça.
Não é incomum um pequeno – ou enorme – surto quando o candidato se depara com uma aprovação “repentina” em uma primeira fase. A primeira ideia é a pretensão de abraçar o mundo. Corre-se para adquirir livros, vade-mécuns, materiais e, sobretudo, cursos “específicos”.
Como diria um meme da internet: siacalme!
O primeiro dado objetivo é que são apenas 50 dias até a data da segunda fase, de modo que, fatalmente, não dará tempo de fazer tudo o que hipoteticamente deveria ser feito.
Por isso, é muito importante uma boa organização. É neste ponto que espero ajudá-los.
O candidato deve escolher seu conteúdo doutrinário e jurisprudencial de base, ou seja, aqueles materiais de sua confiança, com os quais já teve contato durante a preparação. Esse conteúdo serve para revisão rasa de todo o conteúdo programático, sem nenhuma preocupação, nesta fase inicial, com o perfil da banca.
Essa providência serve para um novo contato com os mais diversos assuntos, de forma que o candidato não se surpreenda com nenhum conteúdo que venha efetivamente a ser cobrado nas provas.
Obviamente, os temas sensíveis ao Ministério Público devem receber um maior cuidado. Deve-se privilegiar os fundamentos constitucionais das matérias, seus princípios, sua posição no ordenamento, a sua importância social e as consequências efetivas da sua observância.
Em resumo, essa providência serve para deixar tudo fresco na cabeça do candidato.
Nota importante: evitem, ao máximo, materiais inéditos para essa fase de revisão geral. É muito importante que tenha prévia familiaridade com os materiais escolhidos, para que a leitura flua melhor e a revisão seja concluída em 15/20 dias.
Deve-se reunir o maior número possível de informações a respeito dos examinadores, a fim de entender o pensamento jurídico de cada um deles. É pouco provável que cobrem exatamente um conteúdo idêntico ao que publicaram anteriormente. No entanto, a base do pensamento é a mesma. E é isso que o candidato deve identificar.
Neste ponto, a solidariedade e o trabalho em conjunto são essenciais. Certamente, já existe uma infinidade de grupos no WhatsApp com a finalidade de divisão de tarefas de garimpagem e resumos. O melhor caminho é aderir aos grupos mais organizados, tomando sempre o cuidado de fugir dos surtos coletivos e das demonstrações públicas de soberba do conhecimento, que são sempre desgastantes nas relações afetas aos concursos.
Alguns cursos preparatórios também se dispõem a traçar esse perfil e entregar tudo mastigado. Ocorre que, na ânsia de dominação do mercado e ampliação dos lucros, o trabalho nem sempre é satisfatório. Por isso, é importante que tenha cuidado nessa compra de ideias fáceis e prontas.
De todo mundo, os artigos e livros dos examinadores devem ser visitados. Não negligenciem esse ponto.
O primeiro ponto é que muitas questões se repetem. E o principal ponto é que a linha de raciocínio pode, tranquilamente, ser aproveitada em muitas e muitas questões semelhantes.
Quanto às peças, a estrutura, o endereçamento, o cabeçalho, o pedido e muitas outras partes podem ser aproveitadas.
A par disso, existem obras razoáveis de questões discursivas respondidas. Muitos candidatos aprovados também disponibilizam suas provas. Aqui no site, cliquem na tag da superquarta e terão acesso a uma infinidade de questões. Usem também eventuais provas e simulados que já tenham respondido pessoalmente.
Particularmente, considero essa uma das dicas mais importantes.
A prova do MPMG possui uma peculiaridade. São apenas 3h por grupo. Nesse período, o candidato deve fazer UMA peça ou redação e TRÊS questões discursivas.
O tempo é muito exíguo. Não há tempo para extensas consultas aos códigos, tampouco para grandes reflexões.
O fator tempo é agravado pela pouca quantidade de questões (4 no total), de modo que não há margem de erro. Ou seja, TODOS os questionamentos precisam ser respondidos com boa qualidade. Se o candidato escorregar pesadamente em uma questão, a sua aprovação pode restar comprometida, pois a correção é rigorosa e, raramente, conseguirá tirar a diferença nas demais questões.
Portanto, é como diz o ditado: simular é preciso!
A simulação permite que o candidato desenvolva gestão do tempo e gestão do espaço, não se surpreendendo no momento da realização da prova. É preciso experimentar antes a sensação de não ter ideia de como responder uma questão e precisar sair deste imbróglio rapidamente. Além disso, treinar a apresentação, a letra, a obediência às margens, a paragrafação etc, são pontos salutares.
Neste ponto, também sugiro a solidariedade. Organizem-se em duplas ou em um pequeno grupo. Peça auxílio para um colega da área que não esteja no certame. O importante é treinar nos exatos moldes da prova.
Alguns cursos preparatórios também se dispõem a fazer esse serviço. As mesmas considerações já expostas acima devem ser levadas em consideração.
Essas são as quatro dicas que queria compartilhar com vocês.
Vejam que há uma racionalização e uma objetividade. São providências absolutamente razoáveis.
Então, meus amigos, a bola está com vocês! Não se ancorem em cursos, não terceirizem a preparação. Acreditem também no feeling e sigam na luta.
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Júlio Miranda, em 11/05/2018.
Excelentes considerações para segundas fases em geral.
ResponderExcluirObrigada, Júlio!
Maria Luíza
ai, e meu lugar é no MPF, esse concurso enrolado, sem gabarito, sem definição
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