DEPOIMENTO DE APROVADO - LEONARDO AMÉRICO

Fala pessoal, tudo bem? Hoje vou postar um super depoimento de aprovado para Delegado Federal. Uma história inspiradora. 

De pronto parabenizo o Leonardo Américo (_leonardoamerico) pela imensa conquista e desejo sorte e sucesso na PF. Que seja muito feliz no cargo que escolheu. Agradeço, ainda, a colaboração com o blog e por compartilhar esse relato inspirador. 

Vamos ao texto.

Sonhe e ouse sonhar, você nunca irá além de seus sonhos.

Boa noite amigos, meu nome é Leonardo Américo, tenho 32 anos e fui aprovado no último concurso para o cargo de Delegado de Polícia Federal. Primeiramente, manifesto aqui minha gratidão a Deus pela oportunidade.

Vamos lá. Sou o mais velho de 4 irmãos e a misericórdia de Deus sobre mim teve início ainda na gestação. É que, minha mãe era adolescente (16) e com forte vício em entorpecentes variados (cocaína e maconha). Daí, consequentemente a gestação foi considerada de risco e a ponto de o médico responsável sugerir a escolha (filho x mãe). Deus, porém, preservou a vida de ambos.

Na infância, o cenário não era nada legal. Drogas ilícita e bebidas eram a tônica da minha casa. Chega à época de estudar e com ela um verdadeiro pesadelo. Imagine uma escola pública com mais de 1mil alunos e o nome da sua genitora saindo no jornal vinculado ao tráfico. Ah, eu tinha por volta de 7anos de idade e então descobri que não era uma coisa isolado, meu avô também tinha sido traficante. Como se não bastasse, mesmo criança, eu era gentilmente “convidado” a ir em determinadas comunidades e só depois descobri que isso era para “despistar a polícia”. A presença de uma criança afastava a suspeita.

Eu tinha muita vergonha na escola. Na minha casa as outras crianças não podiam ir. Aqui, eu volto na primeira frase do texto...ouse sonhar. Com o coração puro de uma criança, eu só pedi a Deus para ser “alguém”.

Aos 12, conquisto minha independência. Começo o meu primeiro trabalho (entregador de marmitas) com um salário de 2 reais por dia. Ah, mas eu era muito grato a Deus por esse trabalho, com ele consegui comprar meu tênis de futsal (marca Umbro, cor prata e símbolo vermelho). Amigos, é impossível as lágrimas não vir aos olhos ao lembrar desses detalhes.

O tempo passa e nunca mais fiquei sem trabalhar (garçom, ajudante de pedreiro, cobrador de transporte alternativo, conhecido como “papagaio”) e então, aos 16, consigo o meu primeiro emprego com vínculo empregatício. A função era operador de estacionamento, nome técnico-jurídico para os “flanelinhas”, mas a felicidade não cabia dentro do peito. Agora, o sonho ser “alguém” se tornou mais palpável. Com o dinheiro do trabalho, comecei a fazer provas (agente de combate as endemias, fuzileiro naval, agente administrativo), mas como não sabia sequer o que estava fazendo, fui reprovado em todas. O sonho, porém, ainda estava vivo.

O ensino médio acabou, e para ser “alguém”, eu precisava de curso superior. Nesta época, eu trabalhava como garçom noturno numa pizzaria. Ocorre que minha faculdade era distante (mais de 100km), razão pela precisei pedir demissão. Oh, que coisa boa, consegui entrar na faculdade, mas, agora sem emprego eu não consegui pagar o primeiro período do curso. Deus, porém, continuou provendo e consegui empregos de entregador e moto-táxi. Sonho ainda vivo.

Vencida esta etapa, começa a luta na faculdade. As dificuldades financeiras, porém, não pararam por aí. Foi então que, após muito e muito estudo, consegui aprovação no concurso mais importante da minha vida, estagiário do MPRJ. Aqui, consegui pagar a faculdade. Agora, eu estava no meio jurídico. De forma inocente, eu perguntava aos juízes, promotores, defensores e delegados, o que vocês fizeram? Qual curso? Uma parcela considerável havia feito a EMERJ (Escola da Magistratura do RJ). Então, imaginem, surgiu o sonho de entrar pra EMERJ. O custo era alto (mais ou menos R$ 1.500,00), mas falei com alguns amigos e eles disseram que me ajudariam. Fiz prova de ingresso, resultado - reprovado.

É, mas o sonho era maior. No concurso seguinte houve a oportunidade para alunos bolsistas, apenas 12 vagas. Era a minha chance. Consegui aprovação. A cada dia de aula era como se eu estivesse num cinema, que estrutura fantástica. A falta de dinheiro ainda permanecia. Para sustentar a fome, eu levava umas marmitas e comia nas escadas internas das instalações. Ah, como eu estudava, era a minha chance.

Após, tomo posse na Polícia Civil do RJ e chego então a uma prova oral (DPC – SP). Estava nas primeiras colocações, concurso com bastantes vagas. Será que chegou ao fim? Não, fui reprovado. O luto foi inevitável e a dúvida retorna, será que Deus fará de mim um “alguém”. Neste momento, caio numa profunda tristeza e abandono os estudos.

Após mais de 2 anos, sem estudar nada, vem o concurso da PF. Me inscrevo sem muitas esperanças. Na prova objetiva, percebi Deus sentado ao meu lado e me faz recordar tudo que aprendi na EMERJ. Lembrei como foi importante ser “bolsista” porque eu me cobrava ainda mais. O milagre aconteceu, fui aprovado na prova de Delegado Federal, sendo que estava há mais de 2 anos estava sem estudar.

Enfim, amigos. Peço desculpas por uma carta tão longa kkkkk. A mensagem que queria deixar para vocês é que nunca deixem de sonhar. Sonhem e ousem sonhar, vocês nunca irão além de seus sonhos. Ah, e se me permitem, daqui a pouco tempo vocês serão (juízes, promotores, delegados etc), nunca percam a esperança. Saibam, pois, que até mesmo um menino preto e pobre, com uma família envolvida com o tráfico de drogas, criado numa “boca de fumo”, pode, com os sonhos de Deus, se tornar um “alguém”.

Deus vos abençoe e renove suas forças. 

Impossível terminar o texto sem se emocionar. Parabéns Leonardo, que seu sonho siga sempre vivo. Seja muito feliz. 

Eduardo, atual em 02/02/23

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