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DEPOIMENTO DE APROVADA EM VÁRIOS CONCURSOS DA ÁREA ADMINISTRATIVA - GABRIELA ZAVADINACK
Oi gente, bom diaaaa.
Hoje trago a vocês um depoimento bem legal da Gabriela Zavadinack, aprovada no TST e em 4 TRTs. O relato e a trajetória são ótimos e vocês podem tirar muitas dicas.
Agradeço a Gabriela e ao mesmo tempo a felicito por todas as aprovações.
Segue o texto:
Olá, pessoal,
meu nome é Gabriela Zavadinack, sou Analista no Tribunal Superior do Trabalho,
e hoje vou contar a minha trajetória para vocês.
Iniciei meus
estudos em fevereiro de 2014, aos 25 anos. Havia acabado de me formar em
Jornalismo pela Universidade Federal do Paraná (UFPR), mas sentia que meu
futuro não estava nessa área. Durante a faculdade, sempre pensei na
possibilidade de prestar concurso público, e conversava sempre com a minha
família sobre isso. Então minha mãe, servidora do TRT 9, chegou para mim e
disse: “E aí, o que você vai fazer da sua vida agora? Vai ficar no jornalismo
mesmo ou vai estudar para concurso?”. Eu, que NUNCA tinha estudado Direito na
minha vida, resolvi fazer os concursos do TRT SP e do TRT Campinas (que estavam
abertos naquela época) para sentir as provas e tomar a decisão sobre qual
caminho seguir. Lembro que, após prestar os dois concursos, pensei: “Se eu
estudar pra valer, eu passo”. Foi o que eu fiz.
Defini o cargo
e o concurso: Analista da Área Administrativa (por não ter formação em Direito)
de Tribunais do Trabalho (por serem 24 tribunais + o TST). Comprei apostilas,
cursos online (que não eram tão difundidos como hoje), passei a montar meus
resumos e a “comer com farinha” toda aquela imensidão de matérias absolutamente
novas para mim. Salvo português, eu tive que aprender TUDO literalmente do ZERO.
Lembro, também, que fui muito desencorajada, pois é um cargo que quase não
chama. Eu sempre ouvia: “Se eu fosse você, faria para outro cargo, pois para ser
chamada nesse, você vai ter que passar entre os primeiros colocados”. Minha
resposta sempre foi: “Pois então eu vou ficar entre os primeiros”. Resultado?
Fiz isso CINCO vezes: 5º no TRT 9, 9º no TRT 20, 6º no TRT 24, 4º no TST e 8º
no TRT 15.
Desde o
primeiro dia, encarei o estudo como um trabalho,
com hora para chegar e hora para ir embora. Na minha cabeça, eu batia ponto.
Não tinha essa de sair com amiga ou dar uma relaxada no meio do expediente. Eu
cumpria a carga horária como se eu tivesse um chefe, o que, quase na totalidade
do tempo, fez com que eu sempre cumprisse meu cronograma. Também não saía à
noite em dias de semana, minha rotina era bem “militar”: hora para acordar,
hora para dormir, hora para ir à academia (nunca larguei, foi o que me manteve
sã), hora para comer.
(Tentei, por um
tempo, estudar de segunda a segunda sem pausa: meu rendimento caiu
vertiginosamente e eu entrei em paranoia. Eu lembro que contava os SEGUNDOS que
eu perdia na academia para revezar algum aparelho e, depois, somava esses
mesmos segundos para ver quantos minutos eu precisava estudar a mais no meu
dia. Doida. Total. Quando me dei conta que isso não dava resultado e que eu
estava me tornando uma pessoa insuportável, passei a estudar um pouco aos
sábados e, a partir do fim de tarde até o fim da noite de domingo eu NÃO
ESTUDAVA. Ficava com a família, lia livros, assistia a filmes/séries, ia
cozinhar, enfim, qualquer coisa que não fosse ler o Vade Mecum).
Eu fazia um
planejamento quinzenal de estudos. Em todos os dias colocava 3 matérias
teóricas e resolução de questões. Estudava por videoaulas, anotava as
explicações, lia materiais impressos e, obviamente, dispensava muito tempo para
ler lei seca. Fazia revisões periódicas, conforme sentia necessidade. Nunca fiz
ciclos de revisão de X horas, Y dias etc., pois esses métodos me causavam muita
ansiedade. Havia dias que eu tirava integralmente para revisar, não tinha essa
de “tenho que revisar em 15 minutos, senão o mundo vai acabar”. Meu foco sempre
foi no MEU estudo, na MINHA vida, na forma como EU estudava. Cometi erros? Óbvio.
Mas nada que atrasasse a minha aprovação.
Meu primeiro
concurso foi um ano e meio após o início dos meus estudos (TRT-MG). Estudei
esse tempo todo sem edital e torcendo, sempre, para demorar um pouco mais, pois
ainda não me sentia preparada. Eu tinha que DOMINAR direito constitucional,
direito administrativo, direito do trabalho, processo do trabalho (algumas
provas cobravam para o meu cargo), administração geral e pública, gestão de
pessoas, administração financeira e orçamentária, raciocínio lógico-matemático
e informática, e isso LEVA TEMPO. Aprender com profundidade e conectar as
matérias LEVA TEMPO.
Enfim, fiz o
concurso do TRT-MG (julho de 2015). O nervosismo de primeira prova – aliado à
pressão que coloquei em mim de TER que passar, pois eu SÓ estudava – fez com
que eu cometesse erros (como marcar 4 questões certas no momento da realização
da prova e, na hora de passar para o gabarito, resolver trocar por achar que
estavam erradas. Resultado: as quatro estavam certas). Porém, nem tudo foi um
desastre, pois meus estudos de caso foram corrigidos, o que demonstrou que eu
estava no caminho certo. De qualquer forma, não passei nesse, o que já era
esperado.
Segundo
concurso foi TRT-RS (setembro de 2015). Nervosismo atacou novamente. Não sei o
que houve, mas me perdi absurdamente no tempo de prova e, quando me dei conta,
faltavam 40 minutos para entregar e eu ainda não tinha começado sequer o
rascunho da redação. Fui ler o tema de novo para pensar no que escrever:
“patrimônio imaterial do Brasil”. Entrei em desespero. Lembro que fiz uma
oração e pedi: “Deus, se o Senhor está aí, preciso da sua ajuda nesse segundo,
me ilumina”. E, milagrosamente – essa é a única palavra que pode definir esse
momento – eu comecei a escrever uma redação (até hoje não sei de onde saiu).
Fechei com exatas 20 linhas e o fiscal tirou o papel da minha mão no último
segundo de prova. Como eu estava nessa hora: chorando e com o corpo e o rosto
cobertos de alergia (uma alergia que me dá em momentos de nervoso: urticária
gigante). Esse foi o primeiro concurso em que fui aprovada: 46º lugar para
analista da área administrativa. Eu sabia que nunca seria chamada, mas foi uma
vitória pra mim, pois, naquele momento, senti que estava evoluindo.
Terceiro
concurso foi o TRT-PR (final de 2015, em Curitiba, minha cidade). Foi a
primeira prova que fiz com tranquilidade. Fiz para técnico (de manhã) e
analista (à tarde). Para analista passei em 5º lugar – lembro como se fosse
hoje o quanto chorei de alegria nesse dia. Poxa, 5º lugar na minha cidade foi
uma felicidade sem fim, além de comprovar que eu estava estudando da forma
correta. Arrependo-me por ter feito a prova de técnico, pois errei duas
questões específicas de Analista por extremo cansaço. Aprendizado desse
concurso: nunca mais fazer duas provas no mesmo dia quando a prova principal
for a segunda. De toda forma, essa foi a minha primeira BOA aprovação, que
ocorreu um ano e dez meses após eu iniciar meus estudos.
Porém, nem tudo
são flores. O cenário era incerto, havia crises econômicas e políticas, enfim,
tudo um caos. Na minha cabeça era como se eu não tivesse passado e eu precisava
continuar. Mas, um mês após o resultado do TRT-PR (por volta de fevereiro de
2016), um Decreto Federal suspendeu nomeações e concursos por prazo
indeterminado. Meu mundo desabou. Perdi totalmente a vontade de estudar, fiquei
parada por uns três meses, não queria nem saber. Lembro que fiquei com MUITA
raiva. Parecia que todo o esforço tinha sido jogado no lixo.
Ocorre que, um
tempo depois, o TRT-SE resolveu fazer concurso (dezembro de 2016). Eu, que
morava em Curitiba, teria que atravessar o país para realizar a prova. Foi o
que eu fiz. Comprei passagem e encontrei um lugar para ficar no “couchsurfing” – site em que pessoas
disponibilizam um quarto na própria residência –, pois não havia mais hotel
disponível. Fiz a prova com muita tranquilidade, mas, como não foi um concurso
difícil, a nota de corte subiu bastante. Fui aprovada em 9º para Analista. Eu
imaginava que, por ter ficado em 5º no TRT-PR, eu também ficaria entre os cinco
primeiros nesse, mas concurso público não é uma equação matemática. Enfim, senti
que eu deveria ter ido melhor, mas fiquei feliz por estar entre os 10
primeiros.
Quarto concurso
foi o TRT-MS (março de 2017). Nessa época eu já havia reduzido a carga horária
de estudos e mantinha apenas a revisão. Estava passando por aquele famoso
momento da vida do concurseiro em que você quer fazer uma fogueira com todos os
materiais porque não aguenta mais. De qualquer forma, me inscrevi e fui fazer a
prova. Lembro que errei umas coisinhas MUITO bestas que, hoje em dia, eu jamais
erraria. Todavia, fui muito bem na maior parte da prova, o que me rendeu a 6ª
colocação para Analista. Depois desse concurso, decidi procurar um estágio em
algum lugar (iniciei o Curso de Direito em 2015, no meu segundo ano de estudos
para concurso), pois eu não aguentava mais ficar em casa só estudando. Sentia
que aquilo não era mais eficaz.
Após um
processo seletivo, comecei a estagiar no Tribunal de Justiça do Paraná. Entrei
em uma Câmara de Direito Público e comecei a ver, na prática, tudo o que eu
estudava. Achei aquilo SENSACIONAL. Foram quase dois anos de aprendizado diário
e gratidão por viver aquele momento. Nesse cenário, deixei os estudos para
concurso um pouco de lado, eu apenas resolvia questões e relia alguns
materiais.
Foi aí, então,
que o Tribunal Superior do Trabalho resolveu abrir concurso. Eu estava bem
propensa a não fazer a prova, pois já tinha boas aprovações, mas minha mãe não
me deu essa alternativa. Ela chegou e falou: “você vai fazer, se for o caso eu
pago a passagem, mas você vai fazer”. Eu não me via morando em Brasília e eu
estudava para Tribunal REGIONAL, não para tribunal SUPERIOR. Contudo, quando
abriu o edital, fui dar uma olhada... e pronto, foi amor à primeira vista. Sabe
quando o edital vem pra você? Quando matérias que você odeia não vêm e todas as
matérias que você ama vêm? Pois é. Comigo foi isso aí.
Fui fazer a
prova em novembro de 2017 (16.000 inscritos para o meu cargo). Como eu estava
fazendo estágio nessa época, eu lembro que, na minha cabeça, o pensamento foi “Ah,
se eu não passar está tudo bem, eu estou no estágio agora, pode ser que eu
comece a advogar futuramente, deixa rolar”. Eu estava, literalmente, passando
por uma fase de tranquilidade extrema, a famosa “#goodvibesonly”. Consequentemente,
a prova do TST seguiu o fluxo e foi a prova MAIS TRANQUILA de toda a minha
vida. Eu lia as questões e resolvia com tanta facilidade, que achei que todas
as pessoas iam gabaritar. Lembro que resolvi 70 questões (sim, FCC quis inovar
nessa prova) e ainda me sobraram quase 2 horas para elaborar a redação.
Desenvolvi super bem o tema (tirei 90) e acertei 91% da prova, o que me rendeu o
4º lugar geral para o cargo de Analista. Foi uma alegria inexplicável. Minha
melhor colocação até hoje.
Depois disso,
os TRTs de São Paulo e Campinas resolveram abrir concurso (2018). Fiz os dois,
mesmo distanciada dos estudos. São Paulo foi um DESASTRE. Minha redação sequer
foi corrigida. Nesse caso, tive influência de fatores externos: na noite
anterior à prova, comi uma massa que, definitivamente, não me caiu bem
(aprendizado aqui: comer uma salada ou uma sopa na noite pré-prova e não um
massa aos quatro queijos, ok?). Tive náusea forte desde as 23hs, o que me fez
ficar a noite inteira em claro, e, na hora da prova, tive que ir ao banheiro
três vezes porque tinha certeza que ia vomitar. Minha cabeça não funcionava. Eu
tinha que ler cada questão várias vezes, não conseguia estabelecer um
raciocínio. Foi terrível, tudo errado.
Já no TRT
Campinas o rendimento foi melhor, mas errei umas coisas muito bestas. Fui
aprovada em 8º para Analista nesse concurso, o que me deixou muito orgulhosa
mais uma vez, mas com aquela sensação de que poderia ter ido melhor. Hoje vejo
que eu estava no meu limite do cansaço, pois eu fazia estágio, faculdade e
estava estudando forte para o TRT 15. Somado a isso, esse concurso foi uma
semana após o concurso do TRT 2, então foram duas provas/viagens seguidas,
exaustivo demais. Lembro que cheguei em casa de manhã e minha mãe estava
passando o café. Dei um abraço nela, comecei a chorar muito e disse: “Agora
chega, eu não aguento mais, essa foi a última, cheguei ao meu limite”.
Eu não sei se
alguém já falou isso pra vocês, mas para mim falaram: “A hora que você chegar
ao seu limite é a hora em que você alcançará o sucesso”. Nunca acreditei muito
nisso, pois não gosto de romantizar sofrimento. Mas foi exatamente isso o que aconteceu
comigo. No momento em que “desisti”,
em que parei, em que senti, realmente, que o limite tinha chegado, também
chegou a minha nomeação. Em abril de 2019, recebi um e-mail do TST me
convocando para tomar posse. EU CHORAVA COMPULSIVAMENTE. Só de escrever isso
aqui já tenho vontade de chorar de novo. Quanta emoção nesse dia, nunca terei
palavras para descrever. Já no dia 09/05/2019 foi publicada a minha nomeação. E
no dia 18/06/2019 entrei em exercício no TST, ganhei meu crachá e meu coração
quase explodiu de felicidade. Fui apresentada aos colegas de trabalho como “NOVA
SERVIDORA” e isso fez todo o esforço/sofrimento valer a pena.
Hoje moro aqui
em Brasília – longe da família e do namorado, o que é muito sofrido para mim,
mas sou tão grata por tudo, por todo esse caminho, que não tenho palavras para
explicar. Atualmente, eu entendo que tudo isso foi necessário. Desde o início
dos meus estudos (fevereiro de 2014), foram cinco longos anos até a nomeação. Compreendo, agora, que esse tempo foi imprescindível
para meu crescimento como pessoa, para outras coisas acontecerem (me tornei
professora de Administração Financeira e Orçamentária em cursos preparatórios
para concurso) e para que, quando eu fosse morar em outra cidade, estivesse
madura para isso.
Hoje eu
entendo, perfeitamente, que as coisas acontecem no exato momento em que elas
devem acontecer. Não dá para gente brigar com o tempo. O esforço contínuo e a vontade genuína de passar
em concurso público (ou de atingir qualquer outro objetivo) resultam,
inevitavelmente, no sucesso. Pode demorar um pouco mais ou um pouco menos, a
depender de cada pessoa, mas o resultado é líquido e certo: você vai passar,
você vai ser nomeado(a) e você vai tomar posse. Apenas continue e não desista
por nada, pois uma vida maravilhosa te espera.
Forte abraço!!!
Com carinho, Gabriela
Zavadinack.
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Muito Obrigado por compartilhar sua história, simplesmente maravilhosa !!!
ResponderExcluirGabi, super centrada, estudiosa. Quanto orgulho sua família está sentindo! Muito sucesso!!
ResponderExcluirCaramba, relato incrível! Gratidão por compartilhá-lo conosco <3 chorei junto! haha
ResponderExcluirincrível, inspiração.... Só não passa quem desisti !!!!!
ResponderExcluirnossa fiquei nervosa só de ler. Jesus
ResponderExcluirCaracas!
ResponderExcluirBom, assisti uma vídeo aula da Srta. Gabriela, e fiquei curioso com tamanha eloquência. Indaguei: quem é essa moça, de onde vem, o que estuda, o que come, será que ela dorme? Como ela chegou aonde está? Achei esse relato. Inspirador, pra dizer o mínimo, considerando sua formação, determinação e coragem. Vou lutar para um dia ter condições de publicar um relato também!
Fiz um comentário a pouco, mas acho que ficou como anônimo.
ResponderExcluirPode alterar, por favor
Hallan Fontana
hallanbik@gmail.com