Como os senhores sabem, toda grande conquista pressupõe uma grande renúncia (ou um conjunto de grandes renúncias, eu diria). Portanto, se o seu desejo é obter aprovação em concurso(s) público(s), é essencial entender desde já que isso terá um preço.
Antes de iniciar a preparação, você leva uma vida “comum”, com tempo livre para começar novas atividades físicas, assistir a séries, sair com os amigos ou simplesmente não fazer nada. Mas, ao tomar a decisão de estudar para conquistar um cargo público, a primeira coisa que precisará fazer é investir tempo. E aqui temos, ao menos, três perfis de pessoas: (1) aquelas que possuem tempo livre, (2) as que dizem não ter tempo livre, quando na verdade têm, e (3) as que realmente dispõem de pouco tempo. Cada uma exigirá uma estratégia própria para estabelecer metas diárias de estudo. Vamos lá.
Para quem já tem 5-6 horas “livres” por dia, as renúncias serão menores: basta encaixar os estudos nesse período. Nesses casos, ainda é possível manter um pouco mais de lazer sem comprometer a preparação. Costumam se encaixar nesse grupo pessoas mais jovens, que ainda estão na graduação e não precisam trabalhar para se manter.
Mas sejamos realistas: 90% das pessoas não têm esse privilégio. A grande maioria precisa conciliar trabalho, família e outras obrigações com os estudos. E é aí que entra o ponto principal e o cerne do nosso post de hoje: a necessidade de escolhas inteligentes e renúncias.
Se você se encontra no último grupo (com pouco tempo livre), o primeiro passo é eliminar todo o "tempo morto" do seu dia. É muito comum gastar 2-3 horas diárias no celular, rolando redes sociais ou assistindo a vídeos aleatórios. Se fizer um levantamento honesto da sua rotina, perceberá que tempo existe – ele só está sendo gasto com atividades que não o levarão aonde deseja chegar.
Paralelamente, sugiro que elabore duas listas de obrigações: (1) a dos negociáveis e (2) a dos inegociáveis.
Por “negociáveis”, entenda aquilo de que VOCÊ pode abrir mão temporariamente sem que sua vida desmorone: filmes, séries, academia, viagens, festas – tudo isso pode esperar. Já os “inegociáveis” são os compromissos inadiáveis, como filhos, casamento, trabalho e saúde. Saber distinguir essas duas categorias é o primeiro passo para encaixar os estudos de forma viável na sua rotina.
Tudo o que for “negociável”, você deve estar disposto a sacrificar em prol de mais tempo de estudo. Eliminando o “tempo morto” e fazendo essas renúncias, a maioria absoluta conseguirá garantir de 4 a 5 horas diárias de estudo. Para aqueles que, mesmo se esforçando muito, não conseguirem essa carga horária, será necessário dedicar grande parte dos fins de semana ao estudo ou simplesmente assumir o risco de que a aprovação demore bem mais do que o necessário (ou até mesmo que não venha).
Outro ponto essencial é evitar iniciar novas atividades, sobretudo as intelectuais, enquanto estuda para concursos públicos. Aprender um novo idioma é excelente, mas pode esperar até a aprovação. O mesmo vale para ingressar em um mestrado ou começar a praticar vários esportes ao mesmo tempo. Sei que pode parecer produtivo, mas, na prática, é uma péssima ideia! A preparação para concursos já exige muito – mental, emocional e fisicamente. Quanto mais distrações você colocar no caminho, mais distante ficará da aprovação.
Senhores, em conclusão: saibam que iniciar os estudos para concursos públicos exigirá um conjunto de renúncias na sua vida privada. Isso levará um tempo até o desfecho final (com a aprovação no cargo desejado) e, inevitavelmente, atrasará alguns desejos pessoais, como aprender inglês, fazer um intercâmbio, iniciar o mestrado ou se preparar para um triatlo (o que tem se tornado bastante comum). Mas uma coisa eu garanto: tudo valerá a pena no final.
Fiquem bem e, se precisarem, estarei à disposição no meu Instagram (@emiliotenorio_).
É complicado... "Deixa isso para depois que você passar"... Mas e se você nunca passar? Eu fiquei 7 anos quase que só estudando (advoguei o mínimo possível, só para ter atividade jurídica) e não passei em nada. Percebi que não podia apostar todas as fichas da minha vida em algo que hoje em dia é quase impossível, a saber, a aprovação em concurso público. Neste ano comecei a trabalhar 8h/dia e estou me organizando para voltar a estudar, nem que seja apenas 2 horas por dia. Mas não tenho mais essa mentalidade de "vou deixar para realizar meus outros sonhos depois que passar no concurso". Vou viver minha vida e realizar meus sonhos assim que puder e, se eu passar no concurso em algum momento, ótimo, mas, se não passar, tudo bem também, não vou fazer todos os outros aspectos da minha vida dependerem disso.
ResponderExcluirPerfeito. Penso igual
ExcluirSeu ponto de vista é válido, mas bem questionável pela história que narrou.
ExcluirEstudou 7 anos, "quase que só estudando", ou seja, dispondo de tempo oportuno, mas em nenhum momento teve uma auto reflexão: "pô, por que eu não to passando sendo que eu estudo há tempos"?
Todo mundo aqui é adulto pra enxergar onde dói e bater nessa tecla, e não ficar na premissa do óbvio ("concurso é muito difícil").
O conteúdo de um edital para membro é enorme, porém finito. Agora 7 anos, ditos quase que apenas destinados ao estudo...
Ótima colocação! Esse discurso de que "tem que parar de viver pra estudar" é muito cansativo...
ExcluirConcordo em gênero, número e grau. E digo mais: o autor da postagem, apesar de ter conseguido atingir a meta profissional que almejava (o que certamente deixa todos nós muito felizes), ainda é bastante jovem e ostenta um comportamento bem característico dos de sua geração, que é o de achar que já sabe de tudo.
ExcluirA vida é cheia de desafios, cujos significados variam de pessoa pra pessoa e de contexto para contexto. Daí que o que pode ser "negociável" pra uns, pode ser "inegociável" para outros. A academia é um exemplo evidente disso: muitas vezes ela é necessária para a preservação da boa saúde da pessoa (a exemplo de quem padece de males cardiorrespiratórios, metabólicos e articulares), o que a converte, ao contrário do que sustenta o autor, em um item inegociável. Da mesma forma ocorre com os processos para a realização de outros sonhos do concurseiro: a conciliação destes últimos com a preparação para o certame-alvo pode servir como um estímulo ainda maior para quem deseja alcançar a carreira projetada.
Em síntese:
a) Renúncias são de fato necessárias, mas devem ser pesadas e aplicadas de forma ponderada e racional. Do contrário, podem se transformar num fim em si mesmas e afetar o psicológico do candidato, o que pode, aí sim, ser muito mais prejudicial para o seu desempenho e, o que é pior, para sua saúde mental e daqueles que o cercam; e
b) A vida é muito curta para se circunscrever a um objetivo só. São os múltiplos desafios que ela nos apresenta que nos mantém ativos e estimulados a alcançar várias outras metas, dentre as quais se incluem os concursos, com leveza e tranquilidade, pois, no fim das contas, o bem viver vale muito mais mais do que o ser aprovado.
Concordo. Como já dizia Alvo Dumbledore: Não vale a pena viver sonhando e se esquecer de viver.
ExcluirExato!
ResponderExcluirÉ preciso muito força para percorrer esse longo caminho até o cargo dos sonhos. Ainda mais por se tratar de um caminho que, por mais que você siga as "placas" e evite distrações, jamais poderá ter por certo o alcance do objetivo. Sem dúvidas, se esse caminho for seguido com disciplina e dedicação, as chances aumentam, porém, ainda assim, é também um exercício de fé.
ResponderExcluirPerfeito!
Excluir