Olá meus amigos, tudo bem?
Hoje trago um depoimento muito especial, da BREATRIZ ABUJAMRA, aprovada no MP/GO. Eu e Beatriz estudamos na mesma Faculdade, e a história dela é ainda mais legal por incentivar outras mulheres, mesmo com filhos, a estudarem para concursos.
Parabéns a Beatriz e o agradecimento do Blog por contribuir com tantos outros sonhos de quem lê nossos depoimentos por aqui. Vamos ao texto:
Bom dia, pessoal, tudo bem?
Hoje quando sentei para escrever meu relato de aprovação, pensei quantas vezes eu os li, aqui no Blog do Eduardo, e tentei por meio deles, extrair alguma fonte de esperança, alguma dica, mas na maioria das vezes simplesmente sonhava com a minha vez. E ela chegou.
Sou Beatriz, tenho 29 anos, mãe de um menininho de 2 anos e 4 meses e recém aprovada no 62º Concurso do Ministério Público do Estado de Goiás.
Me formei na UENP (mesma Universidade que o Eduardo e para o mundo dos concursos, assim que ela é conhecida, rs) em 2018 e logo no início de 2019, decidi que iria estudar para concurso público, a carreira era nebulosa, ainda que meu coração palpitasse pelo Ministério Público.
Em 2020, decidi seguir meu coração e meu sonho de menina, eu seria Promotora de Justiça. A mulher que eu era, muitas vezes duvidou que seria capaz, mas a minha menina que falava aos quatro ventos que seria promotora, sempre acreditou. E aí realmente começa a minha história de concursos.
Após um ano estudando, tivemos uma pandemia, isolamento social, o que me fez focar muito nos estudos. Eu já morava com meu marido médico, que à época, vivia exclusivamente para os pacientes e para a pandemia de COVID-19. Em isolamento social, home office e (quase) sozinha, 2020 foi o ano em que eu, de fato, mais estudei.
Assim, em 2021, quando as provas voltaram, fiz a minha primeira, MPMG e em cima da nota de corte, avancei para a segunda fase. Isso me fez pensar que minha trajetória seria mais fácil, afinal, já havia passado logo na primeira prova objetiva. Doce engano...
Exatamente 10 dias após a minha primeira prova, descobri que estava grávida. E essa notícia, por algum tempo, me fez desacreditar que meu sonho seria alcançado. Eu não daria conta de estudar, trabalhar, cuidar de casa, ser mãe (as milhares funções de uma mulher). E eu chorei, por muitos e muitos dias. Quase me convenci que a ordem dos fatores alteraria o produto. Afinal, o plano era ser Promotora de Justiça e depois ter filhos.
No início da gestação, ainda fui aprovada no MPPR, primeira fase, e fiz os cinco dias de segunda fase grávida de sete meses. Eu pensava, que se não fosse aprovada, antes dele nascer, não seria mais. E não, eu não passei no MPPR e nem no MPMG. E meu filho nasceu em março de 2022. Não deu mesmo para estudar e cuidar de um bebe pequeno. Parei um tempo de estudar.
Em meio aos cuidados de um bebe, eu tentava me manter viva (e estou falando de quem eu era antes de ter filho e o que me ligava a quem eu era, justamente era o estudo). Para não me afastar completamente de mim e do meu sonho, que seguia vivo, muitas e muitas vezes, amamentava meu filho com um braço e lia o dizer o direito pelo celular ou tablet no outro. Li legislação, postagens de instagram, qualquer coisa que fizesse “estudar”.
Mas eu sabia, aquilo não seria suficiente para passar. Quando meu filho estava com oito meses, decidi fazer uma prova, mais um MPMG, para ver como estava. Não passei, mas fiquei a uma questão da nota de corte. E por incrível que pareça, essa reprovação me motivou.
Logo depois, em uma madrugada solitária e extensa amamentando, rolando o feed do Instagram, Deus, como uma providência, me mandou um post que era justamente o que eu precisava ler, falava sobre sermos mães inteiras, que não poderíamos responsabilizar nossos filhos por aquilo que não fomos, que eles merecem mães felizes e realizadas.
Estava decidido. Eu seria uma mãe feliz, realizada e, no futuro, meu filho sentiria orgulho de mim. E para isso, eu seria Promotora de Justiça. Conversei com meu marido, que graças a Deus, pôde nos proporcionar o melhor financeiramente, eu não voltaria a trabalhar, colocaríamos nosso filho pequeno na escolinha meio período e eu voltaria a estudar.
Foi difícil, mas fizemos. Em janeiro de 2023, colocamos na escola. Meu tempo de estudo era limitado às quatro horas em que ele permanecia na escolinha. E aos finais de semana, enquanto ele dormia ou passava um tempo com meus pais. Aproveitei cada segundo desse tempo. E a dificuldade de ser mãe e concurseira era justamente não descansar, pois meu tempo sem meu filho, era inteiramente destinado ao estudo, com o escape da atividade física, que não me deixou enlouquecer, rs.
Fui reprovada nas provas que fiz logo que voltei, MPSC, MPSP, mas em agosto de 2023, fui para a segunda fase no MPMG, que reprovei também. Reprovei na primeira fase do meu estado, Paraná, e essa reprovação me fez pensar em desistir. Minha menina (que vocês já conhecem) não deixou e eu tentei o MPGO e MPSC logo em seguida, passei nas duas primeiras fases. Em Goiás, avancei para a prova oral e fui aprovada.
Contando tudo isso, vejo que a ordem dos fatores não alterou o produto. Fui mãe, antes do esperado, mas em breve serei Promotora de Justiça. Hoje, ambos os meus sonhos estão realizados.
Mas não foi fácil, só consegui porque não desisti. Porque tive suporte incondicional do meu marido e da minha família, que cuidaram do meu filho para eu estudar aos finais de semana, para eu passar dias viajando para provas e cursos. Consegui porque sempre tive fé e confiei que alcançaria. E acredito que esse seja o ponto principal da conquista, fé.
Mas como toda conquista para por um processo, vamos sobre ele. Minha preparação seguiu muito dicas de outros aprovados, principalmente uma amiga próxima, e espero que possa servir de algo para vocês. Não fui uma aluna muito dedicada na graduação, então tive que correr atrás depois de formada. (E aqui, eu não recomendo)
Fiz o cursinho do G7 para carreiras Jurídicas, e montei meus cadernos à mão, uma concurseira raiz, a partir das vídeos aulas, um para cada matéria, que me acompanharam até a prova oral. Depois, escolhi uma doutrina para cada matéria e nesse ponto, segui à risca a que o Blog do Eduardo indicava, e fiz um estudo doutrinário acompanhando pelo edital esquematizado, somado à leitura do Dizer o Direito e resolução de questões. Esse foi o estudo que fiz até o MPMG de 2021.
Quando voltei a estudar, com um bebê de um ano, precisava otimizar o tempo. Aqui, acredito que já possuía uma base bem formada. Sendo assim, foquei exclusivamente na leitura de jurisprudência e legislação e resoluções de questões, que eu fazia pelo tablete enquanto meu filho dormia, por exemplo. Para as segundas fases, também por questão de tempo, utilizei somente os meus cadernos e cursos preparatórios.
Em razão da maternidade, meus últimos tempos de estudos não foram regidos para pela organização e sistematização que a fase inicial. Estudava como dava, a hora que dava, mas estudava, sempre TODOS os dias, o que eu conseguia. Me guiava pelo “feito é melhor que perfeito”. E a descoberta de que não existe método perfeito, existe o que cabe a cada realidade. A constância realmente é o diferencial.
Por fim, para a prova oral, utilizei os mesmos cadernos que fiz lá atrás em 2019, revisei todas as matérias por eles (é claro, fui atualizando ao logo dos anos). Acredito fortemente que o seu material é o melhor do mercado, vale a pena se dedicar a ele. E fiz curso de retórica, que também julgo essencial.
Hoje, enquanto espero à nomeação, aproveito para curtir o meu filho e minha família e dar o que foi muito sacrificado nesses últimos meses, TEMPO. Espero que o meu filho e qualquer outra mãe, olhe para minha trajetória e consiga ver que mesmo obstáculos imensos, como a maternidade, são possíveis de serem vencidos, com dedicação e apoio.
Espero por meio desse relato demonstrar que filho não é ponto final, mas sim combustível. E à outra mulher, mãe, concurseira que me leia, CONTINUE. É justo que muito custe, o que muito vale. Nós temos muito o que honrar.
E eu não tenho dúvidas, a humanização que a maternidade me trouxe, me fará uma profissional muito melhor.
Bom final de semana.
Eduardo, em 28/07/2024
No instagram @eduardorgoncalves
Depoimento lindo! Obrigada por compartilhar, estou passando uma fase muito parecida, foi inspirador!
ResponderExcluirHistória inspiradora da Dra. Beatriz! Parabéns! A cada depoimento e postagem que leio aqui no blog me motivo mais para essa jornada de estudos e amadurecimento do conhecimento jurídico!
ResponderExcluirRelato inspirador! me encontro na mesma situação, conflito entre maternidade e estudos. Feito é melhor que perfeito, vou levar isso comigo!
ResponderExcluirQue depoimento inspirador e motivador, pois se formos esperar a oportunidade perfeita para lutarmos pelos nossos objetivos, nunca sairemos do lugar.
ResponderExcluir