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VAI CAIR EM PROVA: TERCEIRIZAÇÃO NA ATIVIDADE FIM É CONSTITUCIONAL
Olá meus amigos bom dia.
Ontem o STF concluiu um grande julgamento, e como tal vocês precisam conhecer para fins de concurso.
Vamos falar de terceirização.
Luciano Martinez conceitua terceirização como "uma técnica de organização do processo produtivo por meio da qual uma empresa, visando concentrar esforços em sua atividade-fim, contrata outra empresa, entendida como periférica, para lhe dar suporte em serviços meramente instrumentais, tais como limpeza, segurança, transporte e alimentação".
Esse sempre foi o conceito tradicional, mas a Lei 13.429/2017 passou a permitir a terceirização em todas as atividades, o que abrange a própria atividade-fim da empresa.
Veja-se o que diz a lei: § 3º O contrato de trabalho temporário pode versar sobre o desenvolvimento de atividades-meio e atividades-fim a serem executadas na empresa tomadora de serviços.” (NR)
Esse mudança legal contrariava totalmente a jurisprudência do TST, e gerou muitos questionamentos na área trabalhista.
Ontem o STF considerou a mudança válida. Vejamos os argumentos:
Argumento pela inconstitucionalidade:
Segundo os argumentos apresentados, a prática irrestrita de terceirização e trabalho temporário em atividades ordinárias das empresas viola direitos sociais fundamentais dos trabalhadores, ao propiciar tratamento diferenciado entre empregados diretos e terceirizados na mesma empresa.
Argumento pela constitucionalidade:
O relator das ações, ministro Gilmar Mendes, observou que a Constituição Federal tem uma série de normas referentes aos chamados direitos sociais do trabalhador que regulam as bases da relação contratual e fixam o estatuto básico do vínculo empregatício. O objetivo foi estabelecer limites ao poder do legislador e dos próprios contratantes na conformação do contrato de trabalho e definir a estrutura básica do modelo jurídico da relação de emprego, com efeitos diretos sobre cada situação concreta. No entanto, a Constituição não proíbe a existência de contratos de trabalho temporários, “tampouco a prestação de serviços a terceiros”.
Se a Constituição Federal não impõe um modelo específico de
produção, não faz qualquer sentido manter as amarras de um modelo
verticalizado, fordista, na contramão de um movimento global de
descentralização. Isolar o Brasil desse contexto global seria condená-lo à
segregação econômica.
Assim, a vedação à terceirização de etapas produtivas relacionadas à
atividade-fim não passa de um controle artificial, e inócuo, do mercado e
das relações trabalhistas. Impõe-se um ajuste jurídico no sentido da
eliminação dessa barreira ao crescimento e ao desenvolvimento do mercado
e do trabalho, medida que, em vez de enterrar o trabalho, certamente o
fortalecerá.
Segundo o ministro, num cenário de etapas produtivas cada vez mais complexo, agravado pelo desenvolvimento da tecnologia e pela crescente especialização dos agentes econômicos, torna-se praticamente impossível definir, sem ingerência do arbítrio e da discricionariedade, quais atividades seriam meio e quais seriam fim. Ele considera que a modernização das relações trabalhistas é necessária para aumentar a oferta de emprego e assegurar os direitos constitucionais, como a garantia contra despedida arbitrária, o seguro-desemprego, o fundo de garantia do tempo de serviço e o salário mínimo, entre outros. “A rigor, o artigo 7º da Constituição não tem vida própria, depende do seu suporte fático: o trabalho”, afirmou. “Sem trabalho, não há falar-se em direito ou garantia trabalhista. Sem trabalho, a Constituição Social não passará de uma carta de intenções”.
Enfim, somos chamados a decidir entre a utopia e a realidade. Tenho
reiterado a lição de Peter Häberle no sentido de que a nossa evolução
constitucional deve ocorrer entre a ratio e a emotio , ponderando-se o que
Ernst Bloch chamou de princípio-esperança com o que Hans Jonas chamou
de princípio-responsabilidade . (HÄBERLE, Peter. El Estado Constitucional
. Trad. Héctor Fix-Fierro. México D.F: Universidad Autónoma de México;
2001, p. 7)
Compatibilidade com concurso público
Ainda conforme o relator, a norma também está em consonância com a regra do concurso público e com todo o arcabouço constitucional, e caberá ao gestor, no exercício de sua competência, optar pela melhor forma de atender ao interesse público. “É claro que a utilização de serviço temporário pela administração pública não pode configurar, jamais, burla à exigência de concurso público", concluiu.
Acompanharam esse entendimento os ministros Alexandre de Moraes, Roberto Barroso, Luiz Fux, Cármen Lúcia, Celso de Mello e Dias Toffoli (presidente). Os ministros Marco Aurélio, Ricardo Lewandowski, Rosa Weber e Edson Fachin votaram pela inconstitucionalidade da lei.
CONCLUSÃO
Em síntese: é admitida a terceirização em qualquer atividade da empresa - atividade meio e até mesmo atividade fim.
É, ainda, aceita a terceirização na Administração Pública, bem como que a utilização de serviço temporário pela administração
pública não pode configurar, jamais, burla a exigência de concurso público.
No entanto, observada a legislação pertinente, deve o gestor, no exercício de
sua competência, optar pela melhor forma de atender o interesse público e a
eficiência administrativa, podendo se utilizar da contratação de empresas
de serviço temporário.
Certo meus cargos?
Eduardo, em 18/06/2020
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