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UM TEMA PARA JAMAIS SER ESQUECIDO...

UM TEMA PARA JAMAIS SER ESQUECIDO... por @andersonrpaiva


Não há dúvidas de que, em matéria de concursos, reflexões sobre formas de estudar, métodos e horas de estudo têm sua importância e não devem ser esquecidos. Hoje, porém, gostaria de falar de algo que julgo realmente essencial e considero vir antes de tudo ou de quase tudo: DETERMINAÇÃO.

Sei que já disseram a você que Deus vai abençoá-lo e você deve acreditar, ou que o universo conspira em seu favor, ou que deve mentalizar quão maravilhoso será o futuro que o espera ou algo semelhante a isso. Não critico nem questiono nada disso. Deus vai abençoá-lo, sim, e você deve acreditar nisso; eu acredito. O universo pode conspirar também, e igualmente nada de mau há em mentalizar-se um belo futuro que nos aguarda. O que quero, porém, é convidá-lo a um enfoque menos abstrato e romântico da questão e mais atento às dificuldades e limitações frequentes do cotidiano. Porque a verdade fria e inafastável que se apresenta é a de que você terá de passar anos... um, dois, três... não se sabem quantos... estudando, a fim de que alcance seu objetivo. E vai haver dias em que você vai ter toda certeza do mundo de que é o mais burro entre os homens – eu já experimentei esse sentimento zilhões de vezes – e de que você definitivamente não está destinado a ser aprovado em coisa alguma.

E escolho a palavra “determinação” em vez de outras, como motivação, desejo, ânimo, por exemplo, porque ambiciono ressaltar um sentimento interior, algo que deve nascer em você, de você e, inclusive – esse é o ponto – ser mantido por você.

Entenda e aceite que muito provavelmente você vai ver seu amigo ser aprovado e você, não. Lembro-me de haver ido viajar com um grande amigo, também servidor do MPMG, à época, e meu colega de trabalho, inclusive, para fazermos a 2afase do MP de Minas e de Goiás, cujas provas praticamente coincidiram. O cara passou para a oral dos dois concursos e eu não passei em nada. Eu não tinha nada contra a aprovação do meu colega. Mas era horrível ser questionado pelo pessoal do  trabalho por que eu não havia passado ou, pior, por que eu não passava (ou seja, não passava em nenhum). As pessoas queriam uma resposta. Ora, eu também gostaria de uma.
Você poderá necessitar trabalhar e estudar e verá seu estudo rendendo menos em razão de seu trabalho e isso vai incomodá-lo. Quererá abandonar o posto de trabalho e correr para os livros, mas não poderá fazê-lo, porque, afinal, você tem que trabalhar. Não há remédio. E, como dizia minha mãe: “meu filho, o que não tem remédio remediado está.” Além disso, haverá dias em que você mal terá forças para utilizar as poucas horas de estudo que lhe são possíveis. E então já aproveito para dar um conselho: concentre-se em utilizar com eficiência essas poucas horas possíveis.

Você, ainda, poderá sofrer abalos emocionais decorrentes de perdas, como o término de um relacionamento amoroso ou a morte de um ente querido e você deverá prosseguir. Particularmente, sofri muito quando minha mãe se foi. Eu, até por ter sido criado sem pai, havia construído uma referência de mundo com base nela e todos os meus sonhos, em grande medida, transitavam em torno daquela pessoa. E, quando ela se foi, muito de mim foi junto e, com toda certeza, algo também se apagou dentro de mim. Precisei reedificar meu projetos de vida para continuar. Não sem dor, não sem hesitações e mesmo não sem uma pausa para uma reestruturação de mim mesmo, então completamente fragmentado.

Sua dificuldade pode advir da falta de recursos financeiros para cursinhos especializados ou outros expedientes que favoreçam sua preparação ou mesmo para o custeio de uma inscrição, como já ocorreu comigo. É evidente que esse também é um fator imobilizante e desanimador.

Certa vez, em matéria de concursos, passei por algo muito desanimador. Era analista judiciário do TRE/MG e, publicado o edital para o cargo de analista (execução de mandados) do TRF da 1aRegião, achei mais interessante tornar-me oficial de justiça federal, fiz o concurso e fui aprovado em 2° lugar. Apesar disso, o TRF1 nomeou de imediato apenas o 1° colocado, deixou passar 2 anos, renovou a validade do concurso, e, quase ao fim de 4 anos, lançou novo edital, de maneira que eu, sem nenhuma certeza quanto à nomeação no concurso anterior, vi-me obrigado a fazer de novo o mesmo concurso que eu já havia prestado. O problema é que eu já havia sido o 2° colocado e não havia sido nomeado. Agora, a única ideia que me ocorria era de que eu precisaria ser o 1° colocado para ver se conseguiria ser nomeado. Mas como administrar o tamanho do desânimo que se apoderou de mim, diante desse estado de coisas? De todas as provas que fiz – incluindo qualquer prova oral, aliás – essa foi a que me mais exigiu de mim emocionalmente, porque eu concorria à 1acolocação apenas e ninguém merece chegar a um local de prova, ver milhares de candidatos e saber que sua prova só vai servir se for melhor do que a de todos que estão ali. Mas consegui ser aprovado em 1° lugar e fui nomeado, embora no concurso anterior, porque, no último dia de validade do concurso, nomearam alguns candidatos, entre os quais certo Anderson Paiva.  

Todas essas coisas, porém, são fatos da vida, por que passam as pessoas em geral e é possível que você tenha passado ou ainda vá passar por isso. E há que se seguir em frente, apesar de tudo isso.

Assim, tente cultivar dentro de si a determinação, construindo a cada dia a força que o faça estudar até quando pareça que não vai dar certo; quando estiver cansado; quando o seu grande amigo passar e você, não; quando, passado um dia de trabalho, você chegue a sua casa e a última coisa que quer ver na vida seja ler um texto jurídico; quando você já nem acredite que é possível (porque continuará sendo possível, ainda que você creia que não é) ou mesmo quando, passado o luto e a dor inicial da perda de um ente querido, você veja que é preciso continuar.

Que sua meta seja estudar e passar um dia. Faça chuva ou sol, seja feriado ou dia útil, esteja você cansado ou disposto. Que não seja passar antes dos 24, antes dos 30 ou antes dos 35, como expressam alguns nomes de perfis nas redes sociais, com todo respeito do mundo aos colegas que os utilizam. Se sua meta for só estudar, mesmo quando, num dia qualquer, lhe pareça superdifícil fazê-lo, já terá desafio suficiente, a ponto de não precisar lembrar-se de que tem de ser aprovado até tal idade. O que importa mesmo é seguir em frente. Que Deus abençoe a todos!

Anderson Paiva, no instagram @andersonrpaiva
Em 18/08/2019 - Bom domingo a todos.

9 comentários:

  1. Eu tava precisando desse relato. Obrigado, Anderson!

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  2. Parabéns Anderson pelo relato. sensacional.

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  3. Anderson...muito obrigado!!! Eu sou muito encanado com a idade e tenho apenas 31 anos! Mas ainda assim, por vezes, carrego esse pensamento de não ter passado antes dos 24 ou antes dos 30. Como você disse, muitos fazem questão de mostrar que passaram bem cedo (o que é compreensível), mas para mim não serve como motivação, pelo contrário. Foi bom ler este relato e essas palavras de determinação, continuarei meu caminho sem pensar em idade, enfim.

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  4. Anderson, você escreve maravilhas. Obrigado!

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  5. Sem sombra de dúvidas, o depoimento (advertência/incentivo) mais impactante que li desde que que iniciei minha trajetória em concursos, e olha que lá se vão 7 anos...

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  6. Obrigada Anderson! Você é exemplo para todos nós.

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