Olá meus amigos tudo bem?
Hoje vamos contar a história da DAPHANE CALÁBRIA, promotora do MPMG aprovada no último concurso e fica a lição: sempre é possível mudar de caminho. A mudança nem sempre é fácil, mas as vezes necessária. Não se feche a novos projetos ou a novos desafios.
Vamos ao relato:
Quando me formei na UFMG planejava trabalhar em uma organização internacional. Por isso, mesmo antes de ter meu diploma em mãos, me inscrevi e fui aceita em um mestrado na Univesité Paris I – Panthéon Sorbonne.
Me mudei para Paris em setembro de 2016. Conheci pessoas brilhantes, morei em um dos lugares mais bonitos do mundo. Meu trajeto para a faculdade consistia em cruzar o jardim de Luxemburgo a pé. Porém, não me sentia realizada. Não via naquele percurso uma vida que me agradasse. A saudade da minha família e do meu namorado, as diferenças culturais e os desafios de ser uma estrangeira me fizeram repensar minhas escolhas.
Assim, quando vim passar férias no Brasil, no meio de 2017, decidi mudar completamente o meu caminho. Foi uma decisão difícil. Ninguém compreendia como eu podia abrir mão de uma oportunidade tão especial para me arriscar em concursos públicos em um país em crise financeira. Chorei, sofri, me enganei afirmando que voltaria a Paris no ano seguinte. Mas com o apoio da minha mãe decidi que o concurso público era a opção que mais se adequava a vida que desejava ter.
Agora, só precisava resolver a carreira que queria seguir e começar a estudar.
Mais uma vez não foi fácil. O problema agora era que não sabia por onde começar. Não tinha um “cargo dos sonhos”. Na dúvida, conversei com alguns amigos e optei por comprar um curso anual de carreiras jurídicas, bem amplo.
Poucos meses depois fiz minha primeira prova: o LXVII concurso para ingresso na carreira do Ministério Público de Minas Gerais. Minha nota não chegou nem perto do corte, mas fiquei feliz com meu desempenho de iniciante.
Foi aqui que tive aquele “click”. Finalmente aceitei a opção que tinha feito há alguns meses e decidi me dedicar de corpo e alma aquela nova missão. Criei uma rotina consistente de estudos, que apesar de não ser perfeita foi o suficiente para mim.
Como eu não precisava trabalhar, tinha muitas horas livres na semana. Em média estudava 6 horas líquidas por dia. Sábados e Domingos eram para descanso, estudava apenas se achasse necessário ou se tivesse uma prova próxima, sem uma “meta mínima”. Esse ritmo não era louco, não era desgastante. Podia participar de eventos familiares e até mesmo viajar. Por isso posso dizer que jamais vi o estudo como um sacrifício. Talvez isso pareça bobagem, mas foi o fato de ver o estudo como algo divertido e interessante, que permitiu que eu voltasse a rotina após as reprovações. Por isso, sempre olhei com desconfiança aqueles que afirmam estudar 12 horas por dia. Isso não é sustentável. E o que o concurso exige é consistência. Ninguém apreende um edital enorme da noite para o dia. O cérebro humano precisa de tempo para processar e armazenar as informações. É aos poucos que se constrói a bagagem necessária para a aprovação.
No meu caso, foram quase 3 anos de estudo.
Em 2019, após algumas reprovações doídas, comecei a colher os frutos da rotina. Na minha segunda prova do MPMG passei para a minha primeira segunda etapa. A alegria não cabia dentro de mim. Junto com ela veio o desespero por não saber absolutamente nada sobre o funcionamento de provas discursivas.
Finalmente, pude aproveitar meus conhecimentos do mestrado na França. As técnicas de escrita ali aprendidas – franceses são obcecados com a forma, acreditem – me ajudaram sobremaneira.
Também fiz o curso especifico do Eduardo Gonçalves, sendo orientada por Júlio Miranda, Promotor de Justiça do MPMG. Com isso, rapidamente aprendi a escrever um texto coeso e, pelo menos, aceitável esteticamente. O meu primeiro simulado foi um horror, cheio de rasuras, mas melhorei.
No mais, fui favorecida pela sorte, e quando o resultado saiu não acreditei: havia passado. Imaginava que teria que fazer algumas provas discursivas antes de chegar a oral, mas não foi necessário.
No meio da minha alegria, surgiu o coronavírus. E se a pandemia trouxe alguma vantagem, essa foi a possibilidade de focar exclusivamente no concurso do MPMG. A prova de segunda etapa do TJRJ, que também faria, foi adiada. O concurso do MPSC também. E mais, ganhei um mês extra de preparação para a prova oral.
No final, fui sorteada para ser a primeira candidata do décimo primeiro dia de arguição. Até nisso dei sorte. O exame oral do MPMG foi transmitido ao vivo pelo Youtube, o que tornou a prova ainda mais pública. Ocorre, que no décimo primeiro dia, já não havia tanta gente interessada em assistir a prova, o que foi um alívio. Os meus colegas de concurso também me acalmaram muito. O sucesso de cada um deles, me mostrava que era possível alcançar o objetivo. E assim foi. No dia da prova estava nervosa, mas feliz.
A prova do MPMG foi a primeira que fiz e foi também nela que obtive a minha aprovação. Um ciclo perfeito. Agradeço a Deus e a minha família, pelo suporte que me deram e por terem me apoiado a mudar de caminho. Hoje tenho certeza que fiz a escolha certa.
Certo meus amigos?
Lembro certinho da correção da primeira peça da Daphane, uma inicial em ação de improbidade, e o que mais me chamou a atenção foi a falta de estética de quem tinha pouca afinidade com segundas fases:
Eis algumas dicas que dei a Daphane:
Dicas: ser mais breve na competência, dispensar o cabimento. Foi a peça, por ora, que melhor analisou o mérito dos fatos, e é isso mesmo. Tirou nota maior que os demais por isso. Entretanto, a peça ficou muito ruim em estética. Tente melhorar nesse ponto. Sugiro ser mais breve nas formalidades e nos itens periféricos a fim de que sobre linhas para você tratar os fatos assim como fez. Outra dica: tente construir os fatos em único tópico, especialmente quando um for continuação ou sequencia do outro, envolver as mesmas partes etc. Analise sempre nos fatos os indícios de má-fé e fraude. Inclusa a PJ no polo passivo e peça a aplicação a ela também das sanções da lei anticorrupção. Melhore a estética.
Isso demonstra que se você se prepara adequadamente para a primeira fase, pensando em uma preparação completa, você terá chances reais de aprovação na primeira segunda fase.
Agora, se vocês forem na onda de muitos professores aí, de fazer um estudo correria para bater o corte da primeira fase só com lei seca, sem sequer pensar que precisa ter um bom conteúdo doutrinário para segunda fase (e que lei seca + juris não será suficiente), meu amigo, você não terá a menor condição de conseguir o feito da Daphane e certamente ficará enroscado em uma segunda fase por anos sem saber onde está o erro.
Minha dica: caminhe mais lentamente pensando na preparação completa, e não só com lei seca e juris pensando em uma primeira fase. Uma primeira fase, por si só, não significa NADA. Dá um ânimo inicial, seguida do desânimo ainda maior de uma nota pífia na segunda fase.
Certo meus caros?
Eduardo, em 19/09/20
No instagram @eduardorgoncalves
eu penso exatamente assim. Inclusive quanto as metas de horas liquidas
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