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MINHA JORNADA ATÉ A APROVAÇÃO - Por Carlos Edoardo Novoa Borges de Barros Reis
Olá pessoal, hoje compartilhamos a história da aprovação do Carlos Edoardo Novoa, futuro promotor do MPPR e aprovado também no MPBA.
O Carlos vai mostrar para vocês que é possível a aprovação trabalhando o dia todo. Uma história muito legal e que vale conferir.
Parabéns Carlos e te desejamos todo o sucesso no novo cargo.
Ao texto:
Comecei a faculdade de Direito em 2010 caindo de paraquedas.
Terminei o ensino médio em 2008 e cursei um ano de bacharelado em Física (UFMS)
em 2009, porque sem dúvida eu era uma pessoa de exatas.
Insatisfeito com a graduação e a carreira ($$$), dei uma
guinada de 180 graus e decidi fazer Direito, porque era um curso que eu achava
que me traria retorno financeiro e possuía um mercado de trabalho muito amplo.
Além disso, eu achava que advogados eram ricos e que era fácil encontrar um
estágio. Eu queria comprar um carro durante a faculdade!
Comecei a graduação e logo constatei a realidade. Não era
tão simples assim. Ter sucesso era muito mais difícil.
Lembro que logo no 2º semestre surgiu um processo seletivo
para estagiário do Ministério Público do Mato Grosso do Sul, órgão que sequer eu
conhecia quando iniciei o curso de Direito, afinal, eu era uma “pessoa de
exatas”.
Para mim foi um desafio, porque só havia cursado basicamente
IED, Direito Civil I e Direito Romano e não tinha qualquer conhecimento sobre
direito penal, processo penal, constitucional, administrativo etc, basicamente
todas as matérias do processo seletivo.
Aceitei o desafio e comecei a estudar a legislação. Depois
de uns dois meses de estudo, fiz a prova e obtive a aprovação.
Fui chamado para iniciar o estágio em março de 2011 e logo
me APAIXONEI pela carreira. Minha formação acadêmica a partir daí foi
totalmente direcionada ao parquet. Para além de mero acusador (sem perder o
encanto pelo Júri), eu via a função do promotor de justiça como um agente de
transformação social. Eu decidi que queria SER PROMOTOR DE JUSTIÇA, e que antes
disso eu seria servidor efetivo e assessor de promotor.
Próximo de completar os 2 anos de estágio, o concurso para
técnico do MPMS (o equivalente a oficial de promotoria, de nível médio) se
aproximava. Eu estava no 3º ano da graduação e não havia concurso mais ideal do
que este para mim.
Me dediquei com todas as forças, conciliando a graduação e o
estágio e após dois meses de estudo, fui aprovado no certame (em 3º lugar para
o cargo de técnico I e 2º lugar para técnico II). Finalmente consegui ter meu
primeiro carro (que tenho até hoje).
A posse veio em novembro de 2013 e o próximo passo, quando
concluísse a graduação, era me tornar assessor de promotor. Eu precisava do
cargo, primeiramente para conhecer a realidade da carreira e, em segundo lugar,
para ter os 3 anos de atividade jurídica, já que o CNMP proíbe que servidores
exercem advocacia.
Além disso, não bastava ser na capital, onde moro, pois
ficaria em uma promotoria especifica, sem conhecer realmente a carreira. Eu
queria ir para o interior do estado, preferencialmente em uma comarca de 1º
entrância, em que se cumulam todas as atribuições.
Após saber do cargo vago com uma promotora substituta,
encaminhar currículo e passar por uma seleção disputada, em Ponta Porã
(fronteira com o Paraguai), fui escolhido como assessor. Fui nomeado no dia
seguinte à minha colação de grau, em dezembro de 2014, dando início ao cômputo
da atividade jurídica.
O período no cargo de assessor de promotor foi essencial
para a minha formação e para a confirmação dos meus objetivos.
É um trabalho puxado, mas enriquecedor, e tenho certeza que
isso contribuiu enormemente para provas de 2ª fase do MP. Produzir um grande
volume de peças todo o dia, em temas diversos e com prazo exíguo me ajudou
muito a redigir respostas em segundas fases. Nesse período, cada semana era um
assunto inédito, já que a atribuição de promotor de 1ª entrância vai desde o
criminal, júri, maria da penha, juizados e execução penal, a áreas como
infância, ambiental, família e sucessões, e até direito registral (parecer em
suscitações de dúvida do oficial de registro, por exemplo).
Contudo, preciso reconhecer também que o trabalho de
assessor é desgastante e facilmente te faz abandonar a preparação para
concursos. Você dificilmente trabalha só 8h por dia, especialmente quando seu
chefe ainda está em estágio probatório e ainda não se vitaliciou.
Com efeito, no primeiro ano (2015) estudei poucos períodos,
em um estudo sem muita estratégia e foco, e o resultado, por conseguinte, foi
frustrante. O que também contribuía para o desleixo era o fato de ainda haver
“longos” 3 anos para implementar o requisito constitucional. Fiz a primeira
fase do MPMS-2015 e o resultado não foi diferente do esperado: reprovado.
No segundo ano (2016), me casei e aí não estudei mais. Eu
queria curtir essa nova fase da vida. Além disso, eu estava meio sem rumo,
indeciso se permaneceria no serviço público ou se migraria para a iniciativa
privada (advogar?) e já tinha lá minhas dúvidas se eu era capaz de passar em um
concurso para Promotor de Justiça.
Um dia, para ser mais preciso, em julho de 2017, tomei a
decisão de voltar a estudar. O concurso para promotor do MPMS estava para ser
anunciado e eu estava perto de completar os 3 anos de atividade jurídica (em
dezembro de 2017).
Na mesma época, também surgiu a ideia de ser professor de
graduação. Eu e Stephânia, minha esposa, estávamos morando em Batayporã/MS e
havia vaga de professor em uma faculdade em Nova Andradina/MS. Esse era um
outro sonho que carregava, mas que sempre havia estado em segundo plano, pois
me parecia impossível conciliar o meio acadêmico com os concursos públicos. Além
disso, eu não tinha mestrado, mas apenas uma pós em Constitucional, que ainda faltava
concluir.
Na ocasião, contatei o coordenador do curso (que era
professor dos estagiários da promotoria) e após análise de currículo e
entrevista, fui convidado a ministrar aulas.
Eu me tornei o professor simultaneamente das matérias de “Direito
Penal Contemporâneo” e “Direito Administrativo Contemporâneo”, para o 10º
semestre, que era um experimento da faculdade, que inseriu na grade matérias
para preparação dos alunos ao exame da OAB.
As aulas eram quartas e sextas feiras, das 19h às 22h30, e
quem já passou por essa experiência sabe que preparar uma aula toma um tempo
adicional equivalente ao dobro ou triplo do tempo da aula ministrada! Diante
disso, utilizei-me inteiramente do mês de julho revendo os assuntos e
preparando aulas para quando elas se iniciassem em agosto.
Além disso, ao longo de 2017, todas as quintas-feiras,
realizávamos encontros da célula da igreja de minha esposa, a Sara Nossa Terra,
na nossa casa. Era um momento muito importante que reservávamos para falar
sobre Nosso Senhor.
Portanto, quartas, quintas e sextas feiras estavam
comprometidas com aulas e célula, e segundas e terças feiras eu preparava as
aulas. Sobravam-me os sábados e domingos para estudar outras matérias do
concurso.
Eu preciso dizer que minha esposa é uma pessoa incrível e que
foi ESSENCIAL para a minha aprovação. De fato, estar casado com alguém que com
você soma e que te dá todo o apoio logístico é fantástico e potencializa seu
rendimento nos estudos. O objetivo de ser aprovado não era só meu, mas do
casal. Além disso, aceitar renunciar à companhia do marido por longos períodos
não é para poucas esposas! No mais, há quem diga que só vai se casar depois de
passar. Eu digo que isso pode ser um grande erro.
Nesse ritmo intenso de trabalho e faculdade, voltei a estudar
para os concursos, desta vez com estratégia
e foco. Minha realidade não me permitia largar o trabalho, para só
estudar, e minha rotina já era pesada, então eu teria que estudar com
estratégia, formando uma base sólida e ao mesmo tempo selecionando temas prioritários
em razão do curto tempo. Além disso, precisava manter meu foco intacto, para
não desistir no caminho, e para conseguir estudar em sábados, domingos e
feriados.
Só que eu me sentia totalmente perdido sobre O QUE estudar e
QUANDO estudar. Eu não podia assistir aos cursos completos online dos
principais cursinhos pois isso tomava enorme tempo, ainda que na velocidade 2x.
Também não poderia ler doutrinas completas de capa a capa, pois o tempo seria
inviável.
Em outubro de 2017, após três meses de estudo, fiz a 1ª fase
do MPSP 92 e meu resultado foi... desastroso. Fiquei 11 pontos abaixo do corte.
Nessa época já havia rumores de abertura do concurso do MPMS
e, por se tratar do meu Estado e do órgão que eu já trabalhava, concurso
para o qual eu carregava um especial carinho, decidi participar do Estudo
Dirigido da EDAMP/MS, com a professora Lenize, promotora do MPMS.
As credenciais dela já são notórias e posso dizer, na
prática, que as orientações e dicas fornecidas por ela, por quem passou em
vários concursos, foram essenciais para minha preparação.
Neste momento, o semestre letivo havia se encerrado, eu já
havia completado os 3 anos de atividade jurídica e sentia um mix de esgotamento
X ansiedade. Assessorar em uma promotoria e dar aulas (em outra cidade) não é
uma rotina que favorece a preparação.
A decisão lógica foi retirar-me do cargo de assessor e
retomar minha função de técnico, de nível médio, em Campo Grande/MS, mesmo
havendo uma redução significativa na minha remuneração.
Já em Campo Grande, após uma exaustiva mudança, a prova
estava marcada para 22 de abril de 2018 (gravei a data porque era o aniversário
de minha esposa) e o foco era total. Lembro-me de passar o recesso inteiro
estudando, inclusive nos dias 24, 25, 31 de dezembro e 01 de janeiro) e o
começo do ano.
Tive uma enorme sorte de poder ser lotado na mesma
promotoria em que havia sido estagiário, com a mesma promotora de justiça que
muito me apoiou nos estudos e que serviu de exemplo de atuação profissional.
Trabalho com uma equipe fenomenal!
Três dias antes da prova, veio a notícia: minha esposa
estava grávida! Foi a notícia mais feliz da minha vida e que mais ainda me
motivou a alcançar os objetivos. A vida estava me dando a seguinte mensagem: “Vá lá e faça a prova, mas se lembre que em
breve você terá mais uma boca para alimentar”.
Quando saiu o resultado, obtive êxito e esta foi a primeira
vez que passei para uma segunda fase! Que sensação extraordinária! O próximo
passo agora era me preparar para essa nova fase, a qual eu tinha zero
experiência.
Neste momento, socorri-me novamente à Lenize, que ministrava
um curso junto com outros professores-promotores do MPMS, organizado pela
EDAMP/MS, em preparação para essa prova. Foi a melhor decisão que podia tomar
no momento. As correções personalizadas de questões, o estudo de banca e as
dicas fornecidas pelos professores foram indispensáveis para este e para os
concursos futuros.
A segunda fase do MPMS consistiu em seis manhãs seguidas de
prova, no final de julho de 2018. A fase foi extremamente desgastante e saí do
último dia esgotado. Afinal, eram 12 meses de estudo, conciliado com trabalho, um
semestre letivo, mudança de cidade e família, para percorrer um conteúdo que é
ministrado em 5 anos de faculdade, com uma técnica própria de ser cobrada e
concorrendo com inúmeros candidatos que são verdadeiros “atletas olímpicos” do
Brasil.
Passada essa prova, meu filho Matheus nasceu, em novembro de
2018, e logo eu faria a primeira fase do MPBA em dezembro de 2018 e do MPPR em
janeiro de 2019. Graças a Deus, mantendo uma rotina firme de estudos, consegui
ser aprovado nestas provas, mesmo com a correria de ter um filho recém-nascido.
A segunda fase do MPPR foi realizada em 5 dias seguidos, nos
mesmos moldes do MPMS, em fevereiro de 2019. Já a do MPBA foi em dois fins de
semana consecutivos, em abril do mesmo ano.
Como meu estudo já estava mais robusto, meus cadernos
sistematizados mais completos e já havia acumulado a experiência da segunda
fase do MPMS, consegui obter êxito no MPPR, novamente graças a Deus, e fui para
a primeira prova oral.
Eu preciso enfatizar que a organização dos meus cadernos, com
base nas dicas da Lenize de como redigir respostas foram
indispensáveis para minha aprovação na 2ª fase do MPPR. Tanto que não precisei contratar
novamente um curso específico para segundas fases.
A preparação para a oral do MPPR também foi intensa, pois a
sensação era a de que estava tão próximo, mas ao mesmo tempo, tão distante do
sonho. Me empenhei ao máximo e fiz um curso de prova Oral (Curso CEI), em
Curitiba, com promotores do próprio MPPR (Thimotie, Teilor, Fred, Rogério e
Rafael). Este curso foi crucial, pois além de fornecerem estudo de banca e
material para revisão, pude treinar presencialmente postura e fala, bem como
receber materiais valiosíssimos no grupo de whatsapp criado. O investimento
valeu a pena tremendamente.
Mais crucial ainda foi o apoio do meu amigo Danilo, sujeito
inteligentíssimo que me arguiu inúmeras vezes antes da prova oral do MPPR,
pessoalmente ou por Skype, renunciando ao próprio tempo para estudo para ouvir
minhas respostas atentamente.
Minha prova oral ocorreu em 7 de agosto e o edital com o resultado
da prova foi publicado no dia 19, com meu nome nele escrito! A sensação de
serenidade e missão cumprida que senti foi indescritível. Até ganhei uma festa
surpresa da família e amigos, pois a comemoração do meu aniversário (4 de
agosto) havia sido adiada.
Meses depois, veio a
notícia de que eu também havia passado para a prova Oral do MPBA. Como ainda
não tomei posse como promotor de justiça, mesmo com o resultado do MPPR/2019, me
senti na obrigação moral de me preparar e enfrentar também essa prova.
Em 22 de outubro fiz a prova e em 25 de novembro o resultado
foi publicado, com meu nome nele escrito.
Em resumo, atualmente estou aprovado nos concursos do MPPR
(já homologado) e MPBA (aguardando homologação), esperando a nomeação, e
aguardando o resultado da 2ª fase do MPMS.
Após esse (nem tão) breve resumo de minha jornada, somente
me resta agradecer, primeiramente ao Senhor, porque Ele é o Caminho, a Verdade
e a Vida. E também agradeço à minha esposa, ao meu filho, aos meus pais, aos familiares
e amigos, que me deram suporte nesse projeto de vida.
Eduardo, em 8/12/2019
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Que história. Muito bom esses depoimentos que nos aproximam da realidade de ser aprovado mesmo d com dificuldades. Estudando certo com foco e determinação todos conseguem!
ResponderExcluirMaravilha!
ResponderExcluirLinda e motivadora história de vida. Parabéns, Carlos!
ResponderExcluirLindo depoimento! Só senti falta de saber os livros ou outros materiais que ele usou para montar o caderno :)
ResponderExcluirEmocionante, parabéns!
ResponderExcluirDepoimento excelente! parabéns, aproveite esta nova fase da vida!
ResponderExcluirHISTÓRIA INPSIRADORA!!
ResponderExcluirEduardo
ResponderExcluirMeu amigo de graduação feliz por vc!
Desde primeira vez que contou sobre seus sonhos e objetivos senti que vc não iria descansar até alcança los!
Abraço
Felicidades!